BrasilAgro reforça perfil vendedor e negocia fazenda na Bahia por R$ 141,4 milhões

André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, costuma dizer que, mesmo nos momentos em que o mercado se mostra comprador, a companhia se mantém atenta às oportunidades para realizar investimentos e vender algumas de suas áreas produtivas.

Uma dessas oportunidades acaba de surgir e a empresa seguiu à risca sua estratégia. Logo após o fechamento do mercado nesta segunda-feira, 14 de julho, anunciou ter negociado uma propriedade de 17,7 mil hectares em Baianópolis (BA), a Fazenda Preferência, por R$ 141,4 milhões.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) esperada pela BrasilAgro com a concretização dessa venda é de 9,3% ao ano. A fazenda estava no portfólio da empresa desde setembro de 2008, quando foi adquirida por e custou R$ 10,7 milhões – valor que corresponderia hoje a cerca de R$ 31,2 milhões,  com a correção pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), indexador mais utilizado no mercado imobiliário.

Assim, considerando apenas o valor de aquisição, já corrigido pela inflação, a BrasilAgro conseguiu multiplicar em quase cinco vezes o montante pago há 17 anos.

Além dos R$ 10,7 milhões aportados para a aquisição da fazenda na época, entretanto, a companhia investiu, desde então, mais R$ 23,9 milhões no desenvolvimento da fazenda, que tem grande parte de sua área destinada à pecuária.

O comprador da fazenda não foi identificado pela BrasilAgro. A empresa informou apenas que ele vai pagar a compra ao longo de mais de dois anos e meio.

O primeiro pagamento já foi feito, no valor de R$ 2 milhões, seguido de um adicional, no valor de R$ 40 milhões, até o próximo dia 30 de julho. Outras seis parcelas anuais fazem parte do acordo.

Como a maior parte da propriedade é dedicada à pecuária, a transação foi realizada em arrobas de boi gordo, com o valor equivalente a 452.342 arrobas (36,44 arrobas por hectare útil).

O valor das parcelas será calculado na data do pagamento com base na cotação da arroba na praça de Barretos (SP), de acordo com números da Scot Consultoria, com preço mínimo garantido de R$ 309,50 por arroba e variação positiva a partir deste valor.

“Essa venda reforça mais uma vez nossa capacidade de transformar ativos e capturar valor de forma eficiente. A Fazenda Preferência passou por um ciclo completo de desenvolvimento e agora gera retorno atrativo, mesmo em um cenário de maior seletividade no mercado”, afirmou Gustavo Javier Lopez, CFO e diretor de relações com investidores da BrasilAgro, em nota.

"Seguimos comprometidos com a nossa estratégia de alocação racional de capital e criação de valor sustentável para os acionistas."

Com mais esse negócio, a BrasilAgro, que tem como acionista fundador o grupo argentino Cresud, já superou a marca de R$ 2 bilhões de vendas de fazendas nos últimos cinco anos.

Em maio, a BrasilAgro contabilizava operar 271 mil hectares, considerando áreas próprias e arrendadas. Ao todo, são 21 propriedades, sendo 11 próprias e 10 em parceria com terceiros.

Das 11 fazendas próprias da BrasilAgro, nove estão no Brasil. O estado onde a BrasilAgro mais possui fazendas é a Bahia, com quatro imóveis rurais – já desconsiderando a Fazenda Preferência –, estando presente também nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão e Piauí. Fora do País, a empresa possui ainda mais duas propriedades na América do Sul: uma no Paraguai e outra na Bolívia

Além das propriedades que detém, a BrasilAgro opera outras 10 fazendas em parceria com terceiros, sendo nove no Brasil, em Mato Grosso, São Paulo, Maranhão e Piauí, e uma no Paraguai.

A última grande venda da empresa havia sido anunciada em outubro do ano passado, quando a BrasilAgro fechou a venda de 1.157 hectares da Fazenda Alto Taquari, em Alto Taquari (MT), por R$ 189,4 milhões. A BrasilAgro já havia comercializado parte dessa propriedade em outubro de 2021, com a negociação de 1.537 hectares, por R$ 253 milhões.

No terceiro trimestre do ano-safra 2025, que corresponde ao período entre janeiro e fevereiro deste ano, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,093 milhão, explicado principalmente pela produtividade de soja nas terras da companhia, que sofreu com problemas climáticas durante a colheita da olegainosa em fazendas de diferentes regiões do Brasil.

Os resultados do quarto trimestre do ano-safra 2025 e o número consolidado do ano serão divulgados no próximo dia 3 de setembro.