Quanto vale um hectare na fronteira da produção de grãos do oeste da Bahia? Um negócio anunciado na noite desta terça-feira, 26 de março, pela BrasilAgro estabeleceu um patamar: R$ 41,4 mil – ou o equivalente a 350 sacas de soja por hectare útil.
Foi esse o valor obtido pela BrasilAgro ao vender, por R$ 364,5 milhões, uma fração de 12.335 hectares da Fazenda Chaparral, localizada em Correntina, na Bahia. Desse total, 8.796 hectares úteis e produtivos.
A área vendida corresponde a cerca de um terço dos 37.182 hectares originais da Chaparral. A fazenda está no portfólio da BrasilAgro desde 2007, quando foi adquirida. Lá, a empresa cultiva grãos e algodão. Com a venda, a companhia mantém 24,8 mil hectares, sendo 17,6 mil úteis.
O comprador não foi identificado no comunicado assinado por Gustavo Javier Lopez, CFO da BrasilAgro, enviado à CVM. A companhia informou que o negócio foi fechado com tempo médio de recebimento de 3,1 anos, sendo que “o comprador já realizou pagamento inicial no valor de R$ 53,5 milhões”,
“Esta transação marca a primeira venda de uma fração da Fazenda Chaparral, que foi adquirida em novembro de 2007, foram investidos R$ 125 milhões na aquisição e desenvolvimento da propriedade até o momento”, informa o documento.
A empresa aponta que, do ponto de vista contábil, o preço desta área da fazenda nos livros da companhia é de R$ 34 milhões. Esse valor contempla “aquisição e investimentos líquidos de depreciação”.
Para efeito de comparação, na transação fechada agora o valor do hectare é 30% superior ao que a própria BrasilAgro conseguiu na venda de 1,6 mil hectares da Fazenda Rio do Meio, localizada no mesmo município, em novembro de 2022. Na ocasião, o preço equivalia a 291 sacas de soja.
A atividade imobiliária é uma das frentes de negócios da BrasilAgro, juntamente com a produção agrícola. Com 20 fazendas em cinco estados, além de Paraguai e Bolívia, o portfólio da empresa soma de 273 mil hectares, sendo 213 mil próprios e 60 mil arrendados.
As propriedades da empresa foram avaliadas, em levantamento realizado em julho passado pela Deloitte Touche Tohmatsu, em mais de R$ 3,6 bilhões.
Na semana passada, a empresa já havia anunciado o arrendamento da 21ª propriedade, com 7 mil hectares no interior de São Paulo, dentro da estratégia de ampliar a participação do cultivo de cana-de-açúcar no mix agrícola da BrasilAgro, antecipada pelo AgFeed.
No final de fevereiro, o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, afirmou, em entrevista à editora executiva Alessandra Mello, que o mercado de terras passa por uma “acomodação dos preços e das euforias”.
Guillaumon disse ver “muita liquidez corrente no mercado” e que, como costuma repetir, a empresa continuava “vendedora”. Ressaltou, porém, que vislumbrava “um bom momento para reequilibrar o portfólio e voltar a crescer em novas compras, para depois voltar a vender de novo”.