Há pouco mais de um mês, em um encontro com analistas e jornalistas em uma das fazendas do grupo no interior de São Paulo, André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, reforçou que a estratégia da companhia, em um cenário de margens baixas na agricultura, ser reforçar a atuação no setor imobiliário rural.
A ideia, segundo afirmou, é aproveitar oportunidades surgidas com o estresse financeiro no campo – leia-se produtores com dificuldades em manter as contas de suas propriedades – para fazer aquisições de terras, sem deixar, no entanto, de se colocar no papel de vendedor que manteve as contas da empresa no azul no último ano fiscal.
Nesta terça-feira, 22 de outubro, um Fato Relevante publicado pela BrasilAgro mostrou que mesmo negócios antigos podem contribuir no atual momento da companhia.
No comunicado, a empresa anunciou a conclusão da venda de 1.157 hectares da Fazenda Alto Taquari, localizada no município de Alto Taquari, no Mato Grosso, pelo valor de R$ 189,4 milhões.
A identidade do comprador da área no Mato Grosso não foi revelada. O documento aponta que ele pagará o equivalente a 1,1 mil sacas de soja por hectare útil, o que representa um valor de R$ 163,7 mil por hectare útil.
Os recursos devem ser contabilizados no segundo trimestre de 2025 no balanço da BrasilAgro, segundo informa o comunicado.
A transação fechada agora é a segunda etapa da venda da Alto Taquari. A primeira etapa aconteceu em outubro de 2021, com a negociação de 1.537 hectares úteis. Na ocasião, com os preços da soja em alta, a previsão de valor da negociação a ser concluída em 2024 era de R$ 253 milhões. Ou seja, recebe agora 25% menos por hectare.
“Com a conclusão desta etapa, entregamos a posse e deixamos de operar esta área”, informou a empresa.
Entretanto, a BrasilAgro vai manter no seu portfólio cerca de 1,3 mil hectares (809 úteis) da fazenda. Isso porque as áreas comercializadas são de chapada. Já a porção remanescente “é adjacente às áreas já vendidas, mas possui características distintas de solo e altitude”, pontuou a companhia no FR.
“Mesmo não sendo áreas de chapada, estão ocupadas com o cultivo de cana-de-açúcar”.
Com a transação, a BrasilAgro atinge a marca de R$ 2 bilhões acumulados com a venda de terras nos últimos cinco anos, uma média próxima a R$ 400 milhões por ano.
Somente em 2024 essa marca já supera os R$ 550 milhões, somando-se a nova venda com outra realizada em março, a da Fazenda Chaparral, no Oeste da Bahia, por R$ 364,5 milhões.
Para efeito de comparação, a venda da área na Bahia correspondeu a R$ 41,4 mil (ou 350 sacas de soja, na ocasião) por hectare útil.