Com o mercado de máquinas agrícolas passando por um período de menor demanda e redução de atividade nas fábricas das principais montadoras, injeções de crédito são sempre bem-vindas.

Nesta sexta-feira, o anúncio de uma parceria entre Bradesco e John Deere segue exatamente nessa direção. As duas empresas formaram uma joint venture, em condições iguais, para ampliar a oferta de serviços financeiros dentro desse mercado.]

Pelo acordo, o Bradesco investirá no Banco John Deere, por meio de sua subsidiária Bradesco Holding de Investimentos, passando a deter 50% de participação da instituição, segundo comunicado enviado à CV

Em nota, as empresas pontuaram que a ideia da parceria é “otimizar o conjunto de serviços financeiros, produtos bancários e processos, fortalecendo sua capacidade de oferecer opções diferenciadas no mercado”.

“Com essa joint venture, a John Deere visa incrementar seu portfólio e diversificar suas opções de financiamento para equipamentos, peças e serviços, incluindo suas recém-lançadas soluções por assinatura”, afirmou, em nota, Jorge Sivina, diretor regional da John Deere Financial.

Com o negócio, o Bradesco, que já é líder entre os bancos privados no financiamento de crédito agrícola, pretende ampliar ainda mais a oferta de produtos e serviços financeiros para os setores de agronegócio e construção para clientes do Banco John Deere.

"Esta parceria representa um movimento importante para o posicionamento do Bradesco nos setores de agronegócio e construção, dois dos mais importantes segmentos da economia brasileira.”, afirmou, também em nota, José Ramos Rocha Neto, Diretor Vice-Presidente do Bradesco.

A conclusão dos processos ainda está sujeita às burocracias de cumprimento de condições precedentes usuais e aprovações regulatórias necessárias.

A transação contou com o Banco Goldman Sachs como consultor financeiro da Deere & Company, o escritório especializado em direito empresarial Pinheiro Neto Advogados como consultor jurídico, e a KPMG como consultora contábil.

Mesmo com alguns percalços no mercado de crédito agro, o Bradesco tem mostrado um bom desempenho no segmento.

No seu último balanço divulgado na semana passada, referente ao segundo trimestre deste ano, a instituição financeira apontou que sua carteira rural teve um bom desempenho.

De abril a junho, o crédito rural, um dos componentes da carteira destinada a pessoas físicas, cresceu 40,4% na comparação com o mesmo período de 2023, exibindo o melhor desempenho percentual entre os diversos segmentos destacados no balanço.

Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 5,5%, também a maior entre as diferentes áreas. No período, a carteira de crédito do banco privado somou R$ 381,8 bilhões, aumento de 5,7% ante um ano antes.

A participação do agronegócio nessa fatia ficou perto de R$ 35 bilhões, segundo o analista da Ativa Investimentos, Pedro Dietrich.

Já os empréstimos e financiamentos para pessoas jurídicas somaram R$ 530,3 bilhões no segundo trimestre, total 4,5% acima do visto há um ano. Novamente, o crédito rural registrou a maior alta percentual no comparativo anual, de 32,3%, com contribuição perto de R$ 13 bilhões, disse a Ativa.

Outra grande aposta do banco no agro é o E-agro, plataforma digital do Bradesco voltada especificamente para o setor.
A plataforma fechou o primeiro semestre do ano com a marca de R$ 1 bilhão em créditos concedidos desde o seu lançamento, em maio de 2023 em sua carteira.

"A gente quer crescer bastante. Não divulgamos exatamente um número, mas a expectativa é que tenhamos pelo menos 70% a mais do tamanho que a gente tem hoje até dezembro", disse Nadege Saad, head do E-agro, em entrevista recente ao AgFeed.