O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda aproveitar o atual momento de alta nas ações da JBS para vender parte das ações que detém e reduzir sua participação na companhia dos Batista.

A ideia do banco federal é fazer ainda neste ano mais um follow on, entre R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões, segundo informações divulgadas com exclusividade, na manhã desta segunda-feira, 23 de setembro, pelo NeoFeed.

“As ações podem ser vendidas a qualquer momento, mas o martelo não foi batido”, disse uma pessoa a par do assunto ao site de notícias de negócios e finanças.

Segundo a reportagem, para dar cabo à operação o BNDES teria contratado Citi e Santander e também conversa com outras instituições.

O banco pretende aproveitar o fato de as ações da companhia estarem embaladas no sentido da valorização, após a JBS apresentar receita recorde de R$ 100 bilhões no segundo trimestre deste ano. Em um ano, os papeis da JBS saltaram 78,58%.

Na sexta-feira, dia 20 de setembro, os papeis fecharam o pregão cotadas a R$ 32,34. Para efeito de comparação, no começo do ano, em 22 de março, o preço estava em R$ 23,09.

A relação entre a instituição pública e a JBS sempre foi alvo de dúvidas e críticas. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, prometia que iria "abrir a caixa preta" do BNDES quando chegasse ao Planalto.

Em 2018, ainda na gestão de Michel Temer, o banco público contratou uma auditoria para investigar se houve evidência de corrupção, suborno e influência nas operações do BNDES com a companhia de alimentos feitas entre 2005 a 2018.

No período, o BNDES liberou operações de financiamento e investimento que permitiram à JBS abocanhar gigantes do mercado como Swift, Grupo Bertin, Pilgrim's Pride e National Beef, além de erguer a Eldorado Brasil, companhia de celulose criada em 2010.

O trabalho durou 21 meses e, ao fim, em dezembro de 2019, os investigadores informaram que não haviam encontrado indícios de corrupção, suborno e influência.

Apesar da controvérsia que arranhou a imagem do banco, o BNDES teve um retorno expressivo ao comprar R$ 8,1 bilhões em ações da companhia dos Batista entre 2003 e 2011, durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Entre 2007 e 2023, o banco de fomento recebeu ao todo R$ 14,73 bilhões entre dividendos e lucro com a venda de ações.

O BNDES vem diminuindo sua participação na JBS há três anos, desde dezembro de 2021, quando o banco vendeu um montante equivalente a R$ 2,66 bilhões em ações. Logo depois, em fevereiro de 2022, foram mais R$ 1,9 bilhão.

Hoje, a participação do banco de fomento na JBS é de 20,81%. Em 2020, era de 22,17%

Nesta segunda-feira, 23, os papéis da companhia abriram o dia em queda. Por volta das 10h12, a ação estava cotada a R$ 31,39, com queda de 2,94%.

Após a publicação da reportagem, a sessoria de imprensa do BNDES divulgou nota em que afirm que o banco "desconhece qualquer iniciativa relacionada a vendas de suas participações na JBS por meio de oferta pública e desautoriza quaisquer supostas instituições financeiras mandatadas a falarem em seu nome."

O NeoFeed, por sua vez, manteve as informações publicadas.