As ações da Vittia negociadas na B3 avançavam durante a tarde desta sexta-feira, dia seguinte à divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2023 da empresa. De um lado, o papel VITT3 tinha uma valorização de 2,33%. Do outro, a empresa anotou um lucro 25% menor do que o visto no ano anterior.

O resultado líquido atingiu os R$ 58,1 milhões e, segundo a empresa, a redução foi causada pelo atraso na compra de insumos por parte dos produtores, que, descapitalizados com a queda no preço das commodities, estão deixando a compra para a última a hora.

“Observando o cenário climático e com dificuldades na comercialização da safra 2022/23, o produtor atrasou a compra de insumos para a safra 2023/2024 e para a subsequente safrinha, enxergando que a postergação das compras poderia beneficiar o custo de aquisição dos insumos, que caiu junto ao preço das commodities”, explicou o CFO e Diretor de Relações com Investidores da Vittia, Alexandre Del Nero Frizzo, em nota oficial.

Apesar disso, uma linha do balanço pode estar ajudando a boa performance do papel nesta sexta. A categoria “tecnologias biológicas” apresentou um crescimento de 5,7% na receita e encerrou o terceiro trimestre com uma arrecadação de R$ 95,6 milhões.

No acumulado do ano até setembro, os produtos biológicos também avançam e mostram um crescimento líquido de 11,6% de um ano para cá, passando de R$ 137 milhões no mesmo intervalo do ano passado para R$ 152,8 milhões em 2023.

A receita total do trimestre ficou em R$ 291,4 milhões no trimestre, uma baixa de 5,3% frente os R$ 307,7 milhões do terceiro trimestre de 2022.

O fato de a empresa ser a única do agro listada na B3 que atua com biológicos é um ponto que agrada o mercado. Segundo os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP, os papéis da Vittia estão sendo negociados com base em 5,3 vezes o Ebitda estimado, portanto em níveis bem inferiores ao da operação.

"Vemos a Vittia como uma combinação de crescimento e qualidade devido ao encorajador oceano azul em insumos agrícolas biológicos, juntamente com baixa alavancagem, margens confortáveis e geração de fluxo de caixa", destaca o relatório da XP.

Em relação ao balanço do terceiro trimestre, os analistas pontuaram que o resultado veio fraco, mas conforme o esperado. Segundo Alencar e Fonseca, o ponto positivo veio justamente dos produtos biológicos, que ficaram estáveis ​​em relação ao ano anterior.

“Um número positivo em nossa opinião, considerando o ambiente desafiador, reportando também margens sólidas”.

Outro destaque positivo para a XP foi o avanço de 44% na receita dos produtos da linha de micros de solo. Na comapração anual, o segmento passou de R$ 38,6 milhões para R$ 55,7 milhões.

A perspectiva para os próximos trimestres e anos está muito ancorada nos biológicos. Há um mês atrás, o CFO da Vittia conversou com o AgFeed e pontuou que a empresa cinquentenária deve apostar em um manejo 100% biológico.

Na ocasião, ele disse que como em herbicidas "ainda não há soluções biológicas disponíveis no mercado", esta "substituição total" está sendo testada para todos os demais químicos que seriam aplicados nestas lavouras.

“Com a exclusão dos herbicidas, estamos conseguindo tratar lavouras com 100% de biológicos ou naturais atualmente", afirma Frizzo. "O pessoal ainda acha que é para alguns nichos ou um complemento, mas nós achamos que é um passo além".

Nesse trimestre, a empresa anunciou que as cidades de Araguaína (TO) e Coimbra (MG) receberão os novos Centros de Distribuição da companhia. Com investimento total de R$ 460 mil, os locais terão estoque refrigerado para produtos biológicos e capacidade de armazenar, em conjunto, 750 paletes.

“Os novos centros possibilitam maior proximidade com os clientes da região, assim como uma maior capacidade de armazenamento e expedição de produtos”, destacou o CFO da Vittia.

O investimento total da empresa, o chamado CAPEX, atingiu R$ 11,3 milhões no terceiro trimestre, uma queda de 22,5% ante o ano passado.

A baixa, segundo a Vittia, é reflexo dos “investimentos na ampliação da capacidade de produção da fábrica de defensivos biológicos, na implantação de uma nova unidade para a produção de macrobiológicos e na implantação de uma câmara fria no centro de armazenagem e expedição de São Joaquim da Barra”.

A companhia está investindo atualmente também cerca de R$ 160 milhões na planta industrial, que será a maior fábrica de biológicos da América Latina.

Em pesquisa e desenvolvimento, foram destinados R$ 6,5 milhões no trimestre, sendo R$ 4,8 milhões em biológicos.

Mesmo em alta nesta sexta, as ações da Vittia acumulam uma baixa de 21,3% no ano. O valor de mercado da empresa está estimado em R$ 1,3 bilhão.