O nome da Begreen explica a motivação da empresa. Numa tradução livre, significa “seja verde” e está relacionado ao processo de transformação da energia que a companhia acredita que deve acontecer nos próximos anos.
Recém-criada, a companhia resulta da junção de três outros CNPJs, a Migratio Soluções, a Phama Energias Renováveis e a Torao Participações. A primeira, focada em comercialização de energia; a segunda, em energias renováveis, principalmente solar; e a última, voltada à energia eólica e com capacidade laboratorial.
Formada oficialmente no ano passado, a Begreen vai se dedicar, de acordo com Luiz Paulo Hauth, diretor presidente da Phama e um dos sócios da empresa, a desenvolver projetos de energias renováveis, seja ela qual for.
O primeiro passo está sendo dado da mesma forma que os demais se darão - por meio de parcerias. O projeto inicial da Begreen envolve a produção de 2 mil toneladas anuais de amônia verde, matéria prima para fertilizantes, em uma usina-escola que está sendo construída juntamente com a Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul.
A usina faz parte das ações do TecnoAgro, criado em 2021 por instituições públicas e empresas da área com o objetivo de promover o desenvolvimento regional através da transferência de tecnologias. Da parte da Begreen, será feito um investimento de R$ 50 milhões, que foi levantado junto a fundos do exterior.
“Consolidamos o projeto para colocar a fábrica dentro da universidade, e vemos um futuro grande pela frente”, comentou Hauth. “Nem sabemos todas as aplicações possíveis da amônia verde e essa será a primeira fábrica nessa escala. O projeto também é descarbonizado”.
Da parte da Universidade, a reitora da UPF, Bernadete Maria Dalmolin, ressaltou ao AgFeed que essa é mais uma iniciativa da universidade em se aproximar de empresas em pesquisas.
Outro projeto que já está em andamento há alguns anos na universidade envolve a Stara, empresa que produz equipamentos agrícolas e automação. Na UPF, a companhia tem uma sede no parque científico, onde pesquisas são realizadas em conjunto.
“Toda tecnologia embarcada permeia a relação com a universidade. Temos alunos que são estagiários, professores que desenvolvem projetos e programas de mestrado em conjunto com a empresa”, disse Bernadete.
Na instituição, os professores pesquisadores de cursos ligados ao agronegócio se juntam em programas de mestrado e doutorado para pesquisas e desenvolvimento.
“Nos nossos mais de 50 anos de história, sempre tivemos uma relação forte com vários segmentos da sociedade. Vimos nessa parceria uma oportunidade de se abrir para a cadeia e aprofundar os estudos e formação a respeito da amônia”, comentou a reitora.
Além do projeto com a universidade, Hauth, da Begreen, revelou que mais dois projetos já estão acelerados e devem ser iniciados em breve. O executivo não deu muitos detalhes, mas destacou que ambos envolvem a produção da amônia verde.
Para o futuro, a expectativa da Begreen é atingir até 20 projetos. Para tal, duas etapas ainda precisam ser concluídas. Primeiro, é dar tração às captações internacionais, para viabilizar os projetos.
Segundo Hauth, os investidores da Torao e da Migratio estão buscando essa captação, e até então, já levantaram US$ 10 milhões com um fundo do exterior que investe em projetos nacionais.
Como a relação com a Alemanha já está próxima, uma instituição que pode ser parceria em novos projetos é o banco estatal KFW. “Apresentamos projetos para eles e nas nossas próximas investidas por aqui vamos tentar alavancar outros recursos. Eles possuem muitas linhas de financiamento interessantes”, diz.
A meta é ambiciosa. Só na amônia verde, a ideia é investir R$ 1,5 bilhão para ter 10 unidades produtivas em várias regiões do País. O outro ponto para tirar os projetos do papel é a busca por parcerias.
Assim como foi com a UPF, a Begreen está atrás de empresas, institutos de pesquisa e outras universidades para espalhar a energia verde por vários estados.
“Existe muito conhecimento ainda no campo da teoria, e seremos um dos primeiros a alinhar isso à prática”, comenta Luiz Hauth.