A Be8, líder nacional na produção de biodiesel, anunciou hoje que fará um investimento de R$ 80 milhões para começar a produzir um novo tipo de biodiesel, o Be8 BeVant, produto que pode ser adicionado 100% ou misturado ao óleo diesel, antecipando vários dos benefícios do diesel verde - HVO (sigla em inglês para Hydrotreated Vegetable Oil).

O objetivo da empresa com esse lançamento é atender um mercado composto por empresas do setor de transporte e de máquinas e equipamentos que assumiram compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no curto prazo.

Entre esses segmentos estão o de equipamentos geradores de energia, máquinas pesadas para processos nas áreas de construção civil, agronegócio e terraplanagem, além dos setores de logística para produção de minérios, de transportes coletivo e de cargas nos modais rodoviário, marítimo e ferroviário.

De acordo com Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, algumas empresas já manifestaram interesse em participar da fase de testes (Prova de Conceito – PoC), que serão realizadas em parceria com fabricantes de motores e frotistas.

Com patente deferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para Processo de Produção de novo produto. A Fase de testes em motores Euro 5 em banco de provas foi superada e comprovou as vantagens e características do produto.

O Euro 5 é um conjunto de normas previstas na legislação europeia que visam reduzir as emissões de poluentes de veículos e equipamentos movidos a diesel. No Brasil, esse conjunto de regras é definido pelo Programa de Controle da Poluição de Ar por Veículos Automotores (PROCONVE P-7). A principal meta é diminuir as emissões de óxido de nitrogênio em até 60%.

Vantagens competitivas

O Be8 BeVant é um metil éster bidestilado, composto por óleo de soja (60% a 70%), de gorduras animais (25% a 30%) e de 5% de outras oleaginosas e óleo de cozinha usado.

De acordo com a empresa, ele gera ganhos de qualidade e de desempenho e pode reduzir em até 50% as emissões de CO (monóxido de carbono), em 85% a emissão de materiais particulados e em 90% as de fumaça preta.

Além disso, diz a Be8, dada a ausência de contaminantes no Be8 BeVant, ele pode ser dosado em maiores quantidades no diesel fóssil conferindo maior lubricidade e dispensando o uso de aditivos químicos - a mistura pode ser aumentada em até 100%. O produto é considerado como ULSD (Ultra Low Sulfur Diesel).

O produto será ofertado a um custo até 60% inferior ao praticado hoje no mercado internacional para o Diesel Verde (HVO) – com base na cotação internacional do diesel, calculada pela Argus.

O investimento anunciado pela Be8 contempla, além de pesquisa e desenvolvimento do produto, a ampliação de uma linha de produção na unidade existente em Passo Fundo (RS), que terá capacidade inicial de 150 milhões de litros/ano.

A previsão de início da produção é de 12 meses e a capacidade pode ser ampliada a depender da demanda, utilizando também a unidade de Marialva (PR), onde a empresa já produz biodiesel e, recentemente, anunciou a construção de uma planta para esmagamento de soja.

O produto foi desenvolvido pela equipe de Engenharia em Passo Fundo (RS), a partir da experiência da empresa na Europa, onde opera uma fábrica de biodiesel na Suíça, e os conhecimentos adquiridos nos Estados Unidose, assim como na fase de estudos do projeto de biocombustíveis avançados no Paraguai.

“Estamos falando de uma solução imediata, que não depende de investimento em infraestrutura ou troca de motor comparado com outras rotas tecnológicas como hidrogênio, biometano e veículo elétrico, com alto impacto para a despoluição dos grandes centros urbanos no curto prazo”, destaca Battistella.

A Be8 não descartamos oferecer o produto para exportação, apesar de inicialmente ter como foco o mercado interno – considerando que, segundo a ANFAVEA, mais de 90% da frota em circulação no país ainda é movida a diesel.