A gigante alemã de químicos Basf divulgou nesta sexta-feira, 23 de fevereiro, que fechou o ano de 2023 com um lucro líquido de 225 milhões de euros em sua operação global. No ano anterior, a empresa havia apresentado um prejuízo de 625 milhões de euros.
De acordo com a empresa, uma série de fatores ajudou o resultado a melhorar de um ano para o outro. Primeiro, os fluxos de caixa das atividades operacionais totalizaram 8,1 bilhões de euros no ano, acima dos 7,7 bilhões em 2022.
Segundo a Basf, a melhoria ocorreu após uma entrada de caixa do capital de giro líquido. “Somente a redução dos estoques em 2023 liberou caixa no valor de 1,9 bilhão de euros”, pontuou a empresa.
Outro aspecto que ajudou o resultado final - e que deve continuar em 2024 - é o programa de economia de custos. A iniciativa se iniciou em 2022 e a Basf espera que, até 2026, some uma economia de 1,1 bilhão de euros.
“A taxa anual de redução de custos de cerca de 600 milhões de euros já foi alcançada até o final de 2023”, disse a empresa, em comunicado que acompanhou a divulgação do balanço. “As medidas anunciadas em outubro de 2022 e fevereiro de 2023 alcançarão outros 500 milhões de euros em economias de custo anuais até o final de 2026”.
Em fevereiro do ano passado, a empresa ainda lançou um conjunto de medidas concretas para economizar custos em áreas que não são de produção na Europa e para adaptar as estruturas de produção na unidade de Ludwigshafen, sua maior unidade na Alemanha.
Os resultados positivos vieram a despeito de as vendas terem caído 21,1% em 2023 na comparação com 2022, atingindo 68,9 bilhões de euros. Segundo a Basf, a queda foi impulsionada por preços e volumes “consideravelmente mais baixos”.
Da receita de vendas, 10,1 bilhões de euros vieram do segmento de soluções para agricultura, número em linha com o visto em 2022. O segmento que mais colaborou foi o de revestimentos (Surface Technologies), com 16 bilhões.
Os preços mais baixos das matérias-primas, em particular, levaram a preços mais baixos em quase todos os segmentos. Os volumes de vendas caíram em todos os segmentos como resultado da fraca demanda de muitos setores”, comentou a empresa em comunicado oficial.
Um mercado mais fraco continua a ser esperado pela empresa, que, no entanto, já vislumbra um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) entre 8 bilhões de euros e 8,6 bilhões de euros em 2024. Em 2023, o Ebitda foi de 7,7 bilhões de euros, queda de 28% frente a 2022.
Apesar disso, a companhia afirmou que deve usar parte do caixa deste ano para investimentos na nova unidade da Verbund, na China, que “atingirão seu pico absoluto em 2024 e depois diminuirão nos anos seguintes”, disse a Basf.
No último trimestre do ano, a empresa apresentou um prejuízo de 1,5 bilhão de euros. Apesar de negativo, o resultado já mostra uma melhora significativa frente aos 4,4 bilhões de euros que a empresa teve de resultado negativo no quarto trimestre de 2022.
A empresa passa por uma transformação mais profunda e o quarto trimestre de 2023 foi o penúltimo com o atual CEO, Martin Brudermüller.
A partir de 25 de abril, a gigante alemã será comandada pelo atual chefe das operações asiáticas, Markus Kamieth. Brudermüller está no posto desde 2018.
O anúncio foi feito pela empresa em dezembro passado, após uma reunião do conselho. Na mesma época, a Basf já havia dado sinais de que seria uma nova empresa daqui para frente, mesmo sem citar uma troca no comando.
A empresa europeia tem sido pressionada pela crise energética da região, que acontece principalmente na Alemanha, ainda como efeito da decisão da Rússia de cortar o fornecimento de gás para a região
A indústria química ainda deve conviver com os efeitos dessa crise por mais algum tempo e é improvável que uma recuperação se concretize antes de 2025.
De acordo com uma pesquisa feita pela Bloomberg no ano passado, quase um em cada 10 entrevistados da Associação da Indústria Química da Alemanha (VCI) disse que estava fechando permanentemente processos de produção devido às perspectivas desafiadoras da indústria no país.
Tanto que, segundo o veículo, essa situação de crise deve fazer a Basf reduzir os investimentos em 4 bilhões de euros ao longo dos próximos quatro anos para fazer frente aos ventos contrários.