A Auren Energia se apresenta como a maior comercializadora de energia do Brasil, sendo líder em gigawatts médios comercializados. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a empresa negociou 3,5 gigawatts-médios (GWm) entre janeiro de 2023 e os primeiros dias de dezembro do ano passado – 1 gigawatt é energia suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes.

Para manter a posição de liderança, a companhia olha com muita atenção, para uma nova avenida de crescimento que se coloca à frente em 2024. A partir deste mês, consumidores de energia de alta tensão poderão comprar energia elétrica de qualquer fornecedor.

Dessa forma, o chamado Mercado Livre de Energia ganha uma tração importante, com os clientes transacionando, de forma direta, a contratação e o fornecimento de eletricidade. Para a Auren, trata-se de uma oportunidade para transformar empresas do agro em clientes importantes, tanto para a compra dessa energia quanto para uma vendedora.

“Em 2024, todos os conectados na alta tensão, como grande parte do setor agro, poderão trocar seu fornecimento de energia para motores, bomba de irrigação e refrigeração, por exemplo. A Auren está posicionada para atender esses clientes”, afirmou ao AgFeed o diretor de comercialização da Auren Energia, Eduardo Diniz.

No mix da Auren, a ideia é explorar energias renováveis. Na capacidade da empresa em fornecer energia, entre 2 e 3 gigas são oriundos de hidrelétricas, um giga é eólico e uma pequena parte solar. “Melhoramos o mix e estamos adicionando mais uma fonte limpa para a carteira”, disse Diniz.

Na energia solar, a empresa está construindo no norte de Minas Gerais um parque de 560 megas instalados. A aposta para o futuro, é complementar a energia eólica com a solar, conta o diretor, em parques híbridos.

No Piauí, onde está instalado um giga eólico, os ventos são de madrugada, e por isso, durante o dia a energia captada é menor. Com placas solares, a “usina” fica mais produtiva.

Essa complementaridade foi colocada em prática nos primeiros dias de 2024. No terceiro dia de janeiro, a empresa anunciou que a usina solar entrou em funcionamento no estado piauiense, adicionando 48 MW de capacidade instalada ao portfólio.

“As fontes eólicas e solar vieram para ficar e sabemos da cobrança das empresas na questão da energia limpa e de fonte renovável. É uma cobrança que toda a cadeia agro se inclui”, diz.

Dentro dessa pegada ambiental, a Auren também atua com a comercialização de créditos de carbono, gerados a partir dos parques eólicos. Desde 2019, dois complexos eólicos atuam no mercado voluntário de carbono, comercializados pela plataforma Verra, a maior do tipo no mundo.

A Auren já vendeu, no total, 1,5 milhão de créditos de carbono, que geraram uma receita de US$ 3 milhões.

Dentre os clientes da Auren, Diniz cita uma produtora de malte que, preocupada com a sustentabilidade da cadeia e com o compromisso de produzir uma “cerveja limpa”, neutralizou sua pegada de carbono com os créditos da empresa.

Além de exemplos locais, a empresa tem clientes de fora do Brasil. Sem citar nomes, ele disse que são empresas do setor de aviação global. A empresa espera contribuir também com o mercado regulado nos próximos anos.

A empresa ainda atua em créditos florestais e atualmente está estruturando projetos no modelo asset light junto a clientes. Hoje, a Auren tem um pipeline de originação de projetos de carbono do tipo REDD e REDD+ na Amazônia e no Cerrado numa área estimada em 500 mil hectares.

Agro compra e vende

Na parte em que o agro entra para vender, Eduardo Diniz afirma que a Auren “sempre foi próxima do setor”, e conta que a empresa tem parcerias com companhias do setor sucroenergético de Ribeirão Preto há alguns anos.

A safra da cana-de-açúcar ocorre entre abril e novembro e as empresas, como a São Martinho e a Cerradinho, queimam o bagaço para gerar energia para o funcionamento interno da usina. O excedente, vendem no mercado livre de energia.

A Auren compra essa energia e então a comercializa, numa forma a complementar o portfólio, já que a empresa não quer ter biomassa própria para essa produção. “Damos liquidez para essa energia”, afirma Diniz. A Auren ainda estima que cerca de 9% da matriz energética brasileira é oriunda do setor sucroalcooleiro.

“Essas empresas não podem vender energia só de abril a novembro. Então, como nós temos várias fontes de comercialização, complementamos essa oferta de cana. Ao mesmo tempo, trazemos uma receita adicional para o setor sucroenergético”, explica o diretor.

Outra estratégia da empresa para conquistar o agro é a economia na ponta do lápis para os produtores. Nos cálculos da Auren, a migração para o Mercado Livre de Energia pode trazer uma economia de até 30% na conta.

“A mudança não apenas reduz a pegada de carbono, mas também alinha a empresa com práticas sustentáveis, o que é cada vez mais valorizado pelos consumidores, e usar esse capital extra para investir em melhorias para o seu negócio”.

No caso da energia solar, por exemplo, ele pontua que muitas empresas e fazendas estão criando suas próprias unidades consumidoras, investindo em colocar a produção na própria área cultivável.

Segundo Eduardo Diniz, o Mercado Livre de Energia dá a oportunidade de economizar nesse investimento e, com a migração para a nova dinâmica, contar com um fornecedor dessa energia limpa.