O roteiro de dificuldades vividas pelo setor de insumos agrícolas é conhecido e tem impactado o resultado de todas as empresas do setor, com maior ou menor intensidade.

Na call de apresentação do seu balanço referente ao terceiro trimestre de 2024, na manhã desta segunda-feira, 4 de novembro, a Fertilizantes Heringer adicionou um item ao repetido conjunto de obstáculos: as queimadas que afetaram a produção de cana-de-açucar.

Com mais esse imprevisto, além da postergação da compra de insumos por parte dos produtores de soja, a companhia registrou queda de 11,2% em suas entregas no terceiro trimestre deste ano, passando de 784 mil toneladas entre julho a setembro do ano passado para 696 mil toneladas no mesmo período de 2024.

Houve recuperação nas margens, com o faturamento chegando a R$ 103,8 milhões, ante R$ 101 milhões no ano passado, mas ainda insuficiente para a melhoria do resultado final.

Com isso, a empresa, controlada pela multinacional Eurochem, registrou um prejuízo líquido de R$ 9,1 milhões no período – resultado 85,5% menor que os R$ 62,6 milhões do terceiro trimestre do ano passado.

O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), por sua vez, foi negativo em R$ 2 milhões. No mesmo período de 2023, havia sido negativo em R$ 3,5 milhões. Houve também crescimento de 7,2% nas despesas administrativas, que passaram a R$ 56,3 milhões.

"A recuperação das margens de vendas observadas em 2024, ainda não foram suficientes para a reversão do Ebtida negativo em ambos os períodos", afirma a companhia.

Em relação às entregas, apesar da redução geral de volume, houve antecipação de pedidos por parte dos produtores de café e, com isso, houve crescimento nas entregas para essa cultura, passando de 30% para 42% do total, equivalente a 290 mil toneladas.

Na sequência, vem soja (19% do total), milho (10%), cana (9%) e demais culturas (20%).

As entregas para a cana, em especial, recuaram de 16% para 9% do total, sendo afetada pelos incêndios no estado de São Paulo no período, de acordo com a companhia.

Em relação aos produtos entregues, a empresa entregou 587 mil toneladas de produtos convencionais no período e 109 mil toneladas de produtos premium - volume bem superior às 16 mil toneladas entregues dessa linha no mesmo período do ano passado.

"O foco na diferenciação e diversificação de portfólio de produtos premium visando a maior rentabilidade explica esse maior volume de produtos premium durante esse período", afirmou a companhia em apresentação a analistas.

Em relação a perspectivas, a companhia afirma que o atraso nas chuvas de verão mantiveram os produtores cautelosos e fez com que a demanda por nitrogenados para o milho safrinha no Brasil no terceiro trimestre deste ano, mantendo os preços da ureia estáveis.

Já os preços do cloreto de potássio registraram queda de 7% entre julho e setembro deste ano, com o fim das compras para soja e o mercado do milho de segunda safra ainda lento, com importações pesando sobre os preços.

Os preços do fosfato, por sua vez, subiram 5% no período, influenciados por estoques restritos, limitação de oferta e demanda tardia para soja.

Há duas semanas, no dia 21 de outubro, a empresa anunciou que iria hibernar duas de suas 14 unidades no País, localizadas em Dourados (MS) e Rosário do Catete (SE), por baixa perfomance.

"A companhia avaliará a destinação a ser dada às Planta de Dourados e de RdC, realizando um estudo acerca das alternativas de maximização de retorno à Companhia, incluindo a possibilidade de reativação futura havendo mudanças nas condições de mercado ou através de venda do ativo por meio de processo competitivo", afirmou a empresa.