Coube a André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, revelar a notícia que já corre nos bastidores: a Granja Faria, gigante produtora e exportadora de ovos brasileira, prepara sua oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de Nova York.

Durante a CEO Conference Brasil 2025, organizada pela instituição financeira, Esteves, moderador de um debate entre empresários e com a presença de Ricardo Faria, preparava a pergunta ao chairman da Granja Faria, quando foi direto ao assunto.

“Fala um pouquinho do seu negócio. Ainda é uma empresa de capital fechado e acho que logo logo você vai sair desse ambiente, você já fez filing do seu IPO, taí a informação pública…”, disse Faria sobre o possível pedido de registro do IPO na bolsa norte-americana.

“Não era bem pública, né?”, emendou Faria. “Era um filing secret, né, mas esses filing secrets nunca viram secrets”, completou Esteves antes de perguntar ao empresário sobre o tema do painel, a visão de cada um dos presentes sobre o Brasil atual.

Segundo o jornal Valor Econômico, o BTG Pactual integra um sindicato de bancos, ao lado de JPMorgan, Morgan Stanley, Bank of America, Itaú BBA e Santander, para estruturar o IPO da Granja Faria. A intenção é lançar a oferta no segundo semestre, após mais operações de fusões e aquisições no exterior.

Em novembro do ano passado, no primeiro avanço externo, o dono da Granja Faria anunciou a compra do Grupo Hevo, da Espanha, por 120 milhões de euros. O chairman da companhia brasileira usou o movimento de internacionalização da companhia, decidido em 2020, para comparar o ambiente de negócios no exterior e no Brasil.

“O brasileiro tem capacidade de adaptação, porque a força da burocracia nos leva a isso. Com capacidade de trabalho e de adaptação, quando chega a países desenvolvidos, se sobressai”, disse Faria.

No evento, o empresário citou a capacidade de produção de 6 bilhões de ovos por ano, “um ovo para cada habitante” do planeta. “A meta é colocar 10 para cada habitante”.

Ricardo Faria lembrou também sua origem no mundo empresarial com a criação e a expansão da LaveBras, rede de serviços de lavanderia, vendida em 2017. De acordo com ele, a frustração foi não ter internacionalizado a companhia, movimento que já foi feito na Grana Faria.

Após a venda da LaveBras, foram dois anos em Harvard e uma mudança no conceito de administrar para criar, do zero, a empresa produtora e exportadora de ovos.

“Trazer gente boa, deixar de ser centralizador e agregar projetos, tanto que temos hoje uma partnership com 20 pessoas. Com essa capacidade de escalar, conseguimos fazer rápido os projetos com endividamento baixo”, explicou Faria.