Com investidores gigantes como Bunge e Syngenta, além da BrasilAgro, o marketplace digital argentino Agrofy passa por um ciclo de transformação. A empresa espera crescer 30% em 2024, com a perspectiva de fechar parcerias com outras grandes corporações globais do agronegócio.

Antes, porém, a startup decidiu pisar levemente no freio e reduzir a velocidade, como estratégia para atingir o equilíbrio financeiro das operações no Brasil.

“Hoje, a Argentina representa 60% dos negócios da Agrofy, e o Brasil tem 40%. Por lá, os negócios atingiram o break even (equilíbrio entre receitas e despesas) este ano. Por aqui, ficou para 2024”, explica o brasileiro Diego Arruda, CSO (Chief Sales Officer, ou diretor de Vendas) da Agrofy para a América Latina.

Ainda assim, 2023 deve fechar com um avanço de até 15% no faturamento. “Mas conseguimos crescer o Ebitda (resultado operacional) em cerca de 50%”, diz o executivo da Agrofy.

Houve avanços também na captação de parceiros para comercialização de produtos e serviços no marketplace. Segundo Arruda, já está fechado um acordo com a japonesa Ihara, de insumos agrícolas, e as conversas com a seguradora Mapfre estão bem avançadas.

Para o próximo ano, Arruda afirma que essas novas parcerias vão permitir dobrar o ritmo de crescimento, e ao mesmo tempo trazer esse equilíbrio de resultado para as operações brasileiras.

No caso de seguros, a empresa já tem parcerias com empresas como a cooperativa de crédito Cresol e com a SLC Máquinas, revendedora da John Deere que oferece apólices para os produtos que vende.

Mas além das parcerias para venda de produtos e serviços, Arruda está de olho no que ele chama de “digitalização das feiras agrícolas”.

“Já fui diretor de marketing da UPL e, se eu pudesse decidir a divisão do orçamento de uma empresa, colocaria 70% no offline e 30% no digital. E mesmo que você realize um terço deste orçamento para o online, já consegue ter retorno”, afirma o CSO da Agrofy.

Ele afirma que esta é uma tendência no pós-pandemia, mas que algumas empresas ainda são tímidas na hora de digitalizar seus negócios. Especialmente porque no agro, o avanço do comércio online ainda é tímido em vários segmentos.

“No caso de automóveis, tem sido muito comum o consumidor decidir sua compra online e ir até a concessionária somente para a finalização. Com máquinas, essa decisão online é menor e com insumos, ainda menos”, afirma Arruda.

No entanto, ele conta que a Agrofy conseguiu crescer seis vezes desde 2021, quando ele entrou na companhia, e o número de visitas tem avançado de forma acelerada. “Este ano, estamos com uma média de 600 mil visitas ao mês na página. No ano passado, eram 200 mil visitas mensais”.

Ele conta que com essas 600 mil visitas, consegue gerar cerca de 40 mil leads, ou inícios de processos de vendas em um mês. “A partir daí, a nossa taxa de conversão varia entre 5% e 8%, o que consideramos um índice muito bom”.

Desde a fundação, em 2015, a Agrofy tem R$ 10 bilhões em Volume Bruto de Mercadoria (GMV, na sigla em inglês), que representa o valor total de produtos vendidos por meio da plataforma.

No total, a companhia já recebeu US$ 64 mihões em aportes de investidores em sua história. E segundo Arruda, a saúde financeira da Agrofy está em dia. “Não estudamos e não precisamos de uma nova rodada de investimentos neste momento. Temos caixa para levar a operação nos próximos dois anos”.