Atuando em um mercado que está próximo de atingir R$ 25 bilhões de faturamento anual no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), o mineiro Grupo AgroCP anunciou uma aquisição que tornará a companhia bilionária em 2024.
Essa é a estimativa da própria companhia após a compra da Fermavi, indústria que produz derivados de manganês, e também atua no tratamento de água.
Mas o plano de expansão do AgroCP não vai parar por aí. A companhia vai iniciar em 2025 a construção de uma nova fábrica no Centro-Oeste, região mais importante do agronegócio brasileiro.
Segundo Lucas Figueiredo, diretor de Marketing e M&A do Grupo AgroCP, o investimento nesta nova fábrica será superior a R$ 50 milhões.
“Ainda não temos um local fechado, mas as conversas mais avançadas acontecem com o estado de Goiás. Também estamos em conversas com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, conta o executivo.
Não é possível fazer uma estimativa de capacidade produtiva, porque ela vai depender do local e da estrutura logística para escoar os produtos que vão sair dessa nova unidade.
Atualmente, o Grupo AgroCP tem três unidades de produção de fertilizantes organominerais, duas em Minas Gerais e outra no Espírito Santo. Somadas, as fábricas têm capacidade de produzir até 3,5 mil toneladas de fertilizantes por dia.
A maior planta é a original, em Santana da Vargem (MG), que tem capacidade de 2 mil toneladas ao dia. A sede do grupo fica em Três Pontas (MG)
A partir da aquisição da Fermavi, situada em Varginha (MG), o Grupo AgroCP muda seu patamar de faturamento a partir desse ano. “Com a compra, vamos chegar a R$ 1 bilhão de faturamento em 2024. Em 2023, tivemos um faturamento de R$ 750 milhões. Boa parte desse crescimento será reflexo da aquisição. Sem ela, o crescimento seria próximo de 10%”, conta Figueiredo.
Na prática, a Fermavi vai se tornar uma unidade de negócio da AgroCP voltada para exportação e atendimento a outras empresas, ou seja, voltada ao B2B. Os produtos a base de manganês da companhia são vendidos para diversas indústrias, entre elas as de fertilizantes, nutrição animal e de eletrodos.
No caso das exportações, Figueiredo afirma que a Fermavi já atende 20 países e tem na tecnologia para tratamento de água o produto mais forte quando se trata de mercado externo.
“É algo muito relevante por se tratar de um dos ativos essenciais para a vida humana. Mas queremos ampliar essa lista de países atendidos”, afirma o executivo do AgroCP.
Em sua página na internet, a Fermavi explica que o manganês consegue remover diversos poluentes da água. Ele age como coagulante e ajuda a aglomerar partículas suspensas como argila, ferro e matéria orgânica.
Por questões contratuais, o AgroCP não pode divulgar os valores envolvidos na aquisição. A Fermavi tem um parque industrial de 65 mil metros quadrados em Varginha (MG), e juntas, as duas empresas passam a ter 800 funcionários.
Esse movimento acontece enquanto o grupo familiar prepara a sucessão de Marcos José Lucas, atual CEO da empresa. Seu filho, Otavio Mendonça Lucas, ocupará a ppsição.
Figueiredo conta que a família é constantemente procurada por investidores e fundos interessados em comprar a companhia, mas que esse processo de sucessão mostra que a intenção é, na verdade, olhar para mais oportunidades de aquisições.
“Estamos montando toda uma estrutura para ter um conselho de administração. Já somos auditados pela KPMG, e vamos preparar todos os bastidores para melhorar nossa governança”, conta o diretor do Grupo AgroCP.
Quando o assunto é abertura de capital, o diretor do AgroCP afirma que está nos planos, mas que está no horizonte de médio prazo dos controladores, sem detalhar prazos para iniciar o processo.