“O grande ano da correção”. Eric Hansotia, CEO da fabricante de máquinas agrícolas AGCO, já desistiu de falar em recuperação do setor para o atual ciclo.

Em entrevista após a divulgação do balanço da companhia nesta terça-feira, 30 de julho, ele deixou claro que espera que ainda há espaço para novas quedas nas vendas, antes que voltem a reagir.

O discurso ecoou e o mercado precificou o balanço da companhia com uma queda nas ações negociadas em Nova York, que superou, em determinado momento da manhã, os 8%. Foi a maior depreciação, em um único dia, nos dois últimos anos.

Os números do segundo trimestre apontaram uma redução de 15% nas receitas quando comparadas ao mesmo período no ano passado. O tombo foi maior do que o previsto pelos analistas e mesmo pela empresa, que havia estimado um recuo na casa de US$ 1 bilhão para todo o ano de 2024.

Mais do que o passado refletido no balanço, foi esse olhar sóbrio para o futuro que mais deixou o mercado desapontado.

Juntamente com os resultados – que mostram um faturamento US$ 3,2 bilhões, abaixo dos US$ 3,5 bilhões previstos –, a empresa comunicou que espera fechar o ano com receita de US$ 12,5 bilhões, aquém dos US$ 13,16 bilhões esperados anteriormente.

Com isso, o lucro por ação, que era projetado para ficar, ao final do ano, em US$ 11,14, foi recalculado para US$ 8,00.

Eric Hansotia, na entrevista, atribuiu os maus resultados à continuada queda nos preços das commodities, que empurrou para baixo a renda e a disposição dos produtores rurais para fazer novas aquisições.

Esse sentimento teria sido ainda mais intenso na América do Sul, a julgar pelos números regionais divulgados pela AGCO. No continente, as vendas da dona das marcas Massey Ferguson, Valtra e Fendt recuraram 41,7%.

Nas demais regiões, os desempenhos também foram inferiores aos do ano anterior, mas em proporções menores: na América do Norte, 16%; Ásia/Pacífico/África, 33,6%; Europa/Oriente Médio, 4,4%.

Hansotia lembrou ainda os esforços que a AGCO tem feito para equilibrar os resultados, com medidas como demissões – com meta de reduzir 6% nas despesas de pessoal – e venda de negócios não diretamente focados na área de máquinas, como ocorreu na semana passada com a alienação da sua divisão de equipamentos para armazenagem.