Os desafios do mercado de commodities ao longo de 2024 devem seguir refletindo nas decisões estratégicas das maiores empresas do agronegócio ao longo deste ano.

A gigante Archer Daniels Midland (ADM), que se diz líder global em comercialização de grãos, insumos, nutrição humana e animal, estaria prestes a vender seu negócio de pet food no Brasil.

Em reportagem publicada na tarde desta quinta-feira, 30 de janeiro, o portal NeoFeed informou que a companhia contratou o Barclay's para buscar compradores para sua unidade que produz ração para animais de companhia.

Segundo a reportagem, foi uma decisão global da multinacional americana, que ao longo do ano passado se viu encrencada com problemas contábeis que levaram a atrasos na divulgação do balanço e mudanças no time de executivos. A área alvo da investigação era justamente a de Nutrição.

A unidade de pet food da ADM já estaria sendo oferecida a potenciais compradores. Uma fonte a par do negócio disse ao NeoFeed que essa divisão de pet food tem uma receita anual de cerca de R$ 1,1 bilhão e um prejuízo de R$ 100 milhões.

O valuation deverá ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, diz o texto. Apesar de a ADM querer sair do segmento aqui no Brasil, o mercado não é desprézível e, nos últimos anos, tem chamado a atenção de vários players.

A indústria de nutrição animal como um todo, incluindo ração para as maiores atividades da pecuária, avicultura, suinocultura e também o pet food, teria contabilizado em 2024, somente em matérias-primas, um faturamento de R$ 160 bilhões. A estimativa é do diretor executivo do Sindicações, Ariovaldo Zani, que conversou com o AgFeed.

Ele disse que a receita das empresas não teve crescimento, ficou estável em relação a 2023. Já o volume produzido aumentou 3,5%. Para esse ano, a expectativa é crescer 4%.

Mas o segmento pet food, quando se considera as outras etapas de industrialização, distribuição e varejo, vem registrando crescimentos mais expressivos.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), estima-se que o mercado pet brasileiro tenha faturado mais de R$ 77 bilhões em 2024, 12% a mais do que em 2023. Desse total, o segmento de pet food representou R$ 42 bilhões.

Segundo um estudo da Mordor Intelligence, 30% do mercado de pet food no Brasil estão nas mãos de cinco companhias: ADM, BRF Global, Mars, Nestlé Purina e PremieRPet.

O AgFeed procurou a ADM, que não se manifestou até a publicação desta reportagem.

A saída do segmento de animais domésticos não significa, a princípio, a retirada da companhia de todas as áreas da nutrição animal. Ao contrário, pode indicar a possibilidade de fechar ainda mais o foco nos produtos para os chamados animais de produção.

Movimentos recentes feitos pela ADM no Brasil reforçam essa hipótese. Em dezembro passado, a multinacional anunciou a contratação de um novo country manager para a área de Nutrição Animal para América do Sul.

O profissional escolhido foi Raphael Bozola, que atuava como Managing Director das operações da Cargill no México.

Meses antes, em julho, a companhia havia divulgado projeto para a construção de uma nova fábrica de premix (mistura de minerais, aminoácidos, vitaminas e aditivos), destinado à nutrição de bovinos, no município de Apucarana (PR).

Segundo informou na ocasião, a unidade ampliará a capacidade de produção da empresa em 40% e colocar a ADM entre as três maiores do País nessa área.