Tatiana Schuchovsky Reichmann, CEO da Ademicon, tem o número na ponta da língua: R$ 15 bilhões. Esta era a meta anual em volume de créditos comercializados em consórcios pela empresa para 2023. Já foi batida, ela revela ao AgFeed.
Nesse indicador, portanto, a companhia garantiu, ao fim de setembro, um crescimento de pelo menos 25% em relação ao ano todo de 2022, quando fechou com R$ 12 bilhões.
Os números mostram um crescimento crescente. Para se ter uma ideia, em 2017 esse número era de R$ 2,6 bilhões anuais. A empresa tem mais de 30 anos de atuação e é hoje a maior administradora independente de consórcio do Brasil em créditos ativos.
Mas há outros números que encantam Tatiana e alguns deles vêm do campo. Só no primeiro semestre deste ano, por exemplo, a linha que a Ademicon possui em parceria com a fabricante de máquinas agrícolas New Holland movimentou mais de R$ 680 milhões em créditos, somando 31% de crescimento em relação ao mesmo período de 2022.
O agronegócio, segundo a executiva, está presente desde os primórdios do grupo. Nos últimos cinco anos, porém, a empresa começou a sentir de forma mais relevante o potencial grande do segmento.
“A Ademicon atende o agro como um todo”, diz Tatiana. Além de máquinas, produtores têm utilizado o consórcio na aquisição de imóveis ou terrenos agrícolas, implementos e veículos para escoamento da safra.
“Vejo pelas feiras agrícolas que participo a evolução da tecnologia e a necessidade de diminuir custos” afirma ela. “Quando penso no consórcio, vejo uma via para investir nisso: as atualizações de equipamentos agrícolas, planejamento para se atualizar sem o desembolso total e sem perder o fluxo de plantação e colheita”.
O maquinário entra no segmento de consórcio para veículos da Ademicon. Na New Holland, por exemplo, a opção do financiamento via consórcio pode ser feita na própria concessionária da marca.
Ainda em veículos, se um produtor precisa de uma frota caminhoneira para despachar os grãos, pode contar com a linha em parceria com a montadora Iveco, que funciona no mesmo esquema. Até junho, mais de R$ 301 milhões em créditos foram movimentados na linha em todo o Brasil, um crescimento de 37% em relação ao mesmo período do ano passado.
Do faturamento total da Ademicon, a CEO estima que 30% esteja ligado ao maquinário pesado, que engloba caminhões e veículos para a agricultura. O restante, os 70%, fica concentrado na parte de imóveis.
“Vemos um olhar cada vez mais presente da população de entender o consórcio como o crédito da aquisição de um bem, uma espécie de investimento disfarçado de dívida”, afirma Tatiana. “O consorciado paga todo mês algo pra poupar e ter o crédito, isso vem atraindo cada vez mais a população “, explica.
Apesar disso, a grande busca dos produtores ainda é concentrada no maquinário agrícola, mas a executiva vê um avanço na procura de consórcios para adquirir propriedades ou alguma instalação extra dentro das fazendas, como estufas, silos e sedes.
A empresa atua em mais de 20 estados, com 172 lojas espalhadas e mais de 600 concessionárias parceiras. Por região, o Mato Grosso é o estado com mais produtores do agro que buscam a Ademicon.
Mesmo com o faturamento bilionário e crescente, o mercado ainda é extenso. Segundo Reichmann, a Ademicon conta com 8% do mercado de consórcios. “Podemos tomar muito mais share no decorrer dos anos. Esse ano devemos crescer quase 50% frente o ano anterior, um número excelente. Ainda assim prevejo um crescimento de mais de 25% nos próximos dois ou três anos”, afirmou.
Para tal, as mãos dadas com o agro são fundamentais, segundo a executiva. “O agro é muito importante porque vemos o bom cliente, a retenção que vem do público agro é encantadora, são fiéis, parceiros e isso nos atrai muito. Estamos abertos para fazermos o que pudermos nesse mercado e queremos ser vistos como um consórcio que apoia o agro no Brasil”, completa.
Abertura de capital mais perto
Um dos planos para a contínua expansão da empresa também passa pela abertura de capital na B3. O IPO, segundo a CEO, é uma oportunidade de perpetuar a empresa, mas existe o desafio de explicar o modelo de negócio para investidores estrangeiros, que não estão familiarizados com o consórcio.
“Hoje somos uma empresa preparada. Temos RI organizado, governança e somos auditados. Mas enquanto não tiver uma janela [de IPOs] adequada não faremos isso. Não precisamos de capital e podemos ser a primeira empresa de consórcio a fazer o movimento”, diz.
A abertura também serviria para atender aos interesses de fundos de gestoras que entraram com participação na empresa.
A empresa possui dois acionistas do tipo: a Treecorp e a gestora 23S, criada com recursos da Temasek e do Grupo Votorantim.
Parte da estratégia do IPO, segundo a CEO, é para que os fundos possam dar saída, se quiserem, do capital da empresa. A ideia, segundo ela, é manter o controle dos sócios mesmo com o capital aberto.
A marca Ademicon nasceu em 2020, quando a Ademilar se juntou com a Conseg. A primeira é da família Schuchovsky, da atual CEO. Do lado da Conseg, os acionistas são a Treecorp e o empresário Jefferson Maciel, que é atualmente membro do conselho de administração.