Os investidores receberam os resultados do segundo trimestre da JBS com otimismo e o desempenho das ações, nesta quarta-feira, é a prova disso.

A empresa dos irmãos Batista conseguiu sair de um prejuízo de R$ 264 milhões registrado no segundo trimestre de 2023, para um lucro líquido, de R$ 1,7 bilhão no mesmo período deste ano.

Além disso, a companhia que é uma das maiores de processamento de carnes do mundo, alcançou uma receita recorde de abril a junho, de R$ 100,6 bilhões, resultado 12,6% superior na comparação com o mesmo período do ano passado, quando faturou R$ 89,3 bilhões.

E os sinais positivos para o mercado foram além. A JBS anunciou a distribuição de R$ 4,4 bilhões em dividendos (R$ 2 por ação) entre os seus acionistas.

Com tantas notícias animadoras, os papéis da JBS disparam no pregão desta quarta-feira na B3, com valorização acima de 6%, em patamares históricos, negociados a R$ 37 por ação. No acumulado do ano, o ganho nas ações da empresa é de quase 50%.

“Os papéis sobem 9% este mês, com o mercado prevendo resultados fortes. No entanto, continuamos otimistas com a tese de investimento, já que a reação aos números deve permanecer forte por mais tempo”, dizem os analistas da área de agro e alimentos da XP, Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.

De abril a junho, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da JBS mais que dobrou, para R$ 9,82 bilhões, de R$ 4,47 bilhões um ano antes.

Para a equipe da XP, a gigante de proteína animal teve um trimestre “memorável”, impulsionado pelas operações de aves e suínos. Tal segmento impactou o Ebitda do trimestre em 75%, sendo beneficiado pela redução nos preços dos grãos e de um maior equilíbrio entre oferta e demanda. Além disso, houve forte demanda no mercado doméstico e de exportação.

Frango e suínos puxam resultados

O comunicado da JBS ressaltou a importância do segmento de frangos e suínos no resultado positivo. Segundo a empresa, os destaques foram a Pilgrim’s, a Seara e JBS USA Pork. A Seara alcançou receita de R$ 11,6 bilhões, crescimento de 12,5% na base anual. O Ebitda ajustado teve salto de 381% no trimestre, para R$ 2 bilhões. Para a equipe do BTG Pactual, os números podem ser, finalmente, um reflexo do grande aumento de capacidade dos últimos anos.

Já a Pilgrim’s Pride, unidade de processamento de frango dos Estados Unidos, superou as expectativas ao registrar o melhor Ebitda da história para um trimestre, de R$ 4,1 bilhões, um salto de 119% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A receita somou R$ 23,8 bilhões, alta de 11,5% na mesma base de comparação.

“O ótimo desempenho refletiu o melhor equilíbrio entre oferta e demanda dos produtos nos Estados Unidos e no México, além de uma melhora no sentimento do consumidor na Europa”, comenta a analista do BB Investimentos, Geórgia Jorge.

Diversificação é a palavra-chave

A diversificação geográfica e de proteínas tem se mostrado eficiente para a companhia, o que permite compensar o resultado da JBS Beef, afirmou a analista do BB.

“A divisão (de bovinos) vem sendo pressionada pelo ciclo pecuário desfavorável e pela inflação elevada nos Estados Unidos”, comenta.

A geração de caixa também chamou a atenção do mercado. O forte desempenho operacional em meio à melhoria de praticamente todas as unidades de negócios refletiu em uma caixa de R$ 7,9 bilhões ao fim de junho pelas atividades operacionais da JBS.

“O aumento da posição de caixa e do resultado operacional nos últimos trimestres vêm permitindo à companhia a redução da sua alavancagem financeira”, observa a analista. Ao fim do trimestre, a JBS atingiu alavancagem de 3,1 vezes o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses.

Na análise do BTG, o ciclo avícola mais forte do que o esperado está ajudando a JBS a acelerar o caminho de desalavancagem, como também o processo de transferência de valor da dívida para o capital próprio.

O Bank of America (BofA) acredita que os lucros da companhia devem persistir nos próximos trimestres, enquanto aguardam uma mudança no ciclo do frango apenas no segundo semestre de 2025.

Segundo as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, a queda no comércio de carne bovina no mercado norte-americano deve apoiar o consumo de frango e de carne suína, enquanto o ciclo de carne bovina na Austrália deve permanecer forte.