Hartwig Fuchs, ex-executivo e acionista da Archer Daniels Midland (ADM), pediu a renúncia do CEO da gigante do setor de alimentos, Juan Luciano. Segundo a Bloomberg, Fuchs citou a falta de transparência e a demora do CEO e da companhia para explicar o escândalo contábil revelado há quase um ano, quando a ADM abriu investigação sobre suas práticas que “eliminaram” US$ 12 bilhões do balanço da trading.
Fuchs não é um simples investidor. Ele já foi presidente do conselho da Toepfer International quando a ADM possuía cerca de 80% da trader alemã - atualmente detém 100% - e também foi CEO da Nordzucker AG, uma das maiores produtoras de açúcar da Europa.
Em postagem nas redes sociais, ele relatou que a ADM não fez o suficiente para reverter a perda de ações e que a empresa sediada em Decatur, próxima a Chicago, nos Estados Unidos, "não comunicou nenhuma declaração valiosa" sobre o tema.
“Se um CEO muitíssimo bem pago de uma empresa tão importante não consegue fornecer clareza em poucos meses - ou seja, esclarecer completamente o escândalo, comunicar com total transparência sobre o que deu errado e o que será feito no futuro, reconquistar a confiança dos investidores e, acima de tudo, proteger a empresa de danos a longo prazo - então ele tem que ir embora”, disse Fuchs.
Procurada pela agência de notícias, a ADM não quis comentar.
A trading divulgou em janeiro uma investigação sobre práticas contábeis em sua unidade de nutrição. O diretor financeiro Vikram Luthar levou a maior parte da culpa, concordando em renunciar. As ações da empresa despencaram 24%.
Investigada pela Justiça dos Estados Unidos e prestes a divulgar os dados financeiros do quarto trimestre de 2024, em novembro passado a companhia relatou ter encontrado mais erros em transações entre suas unidades de negócios e que iria revisar todos os relatórios de 2023.
Além disso, cancelou a teleconferência de resultados, o que trouxe mais 12% de queda pontual nas ações. No total, o recuo nos papeis da ADM supera 30% neste ano.
Os resultados preliminares da ADM no terceiro trimestre de 2024 apontaram lucro líquido de apenas US$ 18 milhões, enquanto que o lucro ajustado foi de US$ 530 milhões. Com isso, o lucro por ação foi de US$ 0,04 e o lucro ajustado por ação foi de US$ 1,09, ambos abaixo do mesmo período do ano anterior.
O retorno médio sobre o capital investido (ROIC) atingiu 6,6% e o retorno ajustado foi de 8,8%. O fluxo de caixa das operações acumulado até setembro foi de US$ 2,468 bilhões, ante US$ 3,804 bilhões no mesmo período do ano passado.