Cascavel (PR) - A bancada ruralista antecipou as negociações com o governo federal em busca de uma saída para o financiamento público do Plano Agrícola e Pecuário 2024/2025, a ser lançado apenas em junho.

No entanto, segundo o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (PFA), o Executivo “está perdido” e sem saída no momento para buscar linhas de equalização para reduzir as taxas de juros do crédito rural com a Selic caminhando para 15% ao ano.

“Não há espaço fiscal, não tem dinheiro, e não sabem onde vão buscar. Equalizar 15% de Selic é muito caro”, afirmou o presidente da FPA durante visita ao Show Rural Coopavel.

De acordo com o parlamentar, a demanda da bancada ruralista para o próximo ciclo agrícola é uma taxa de juros abaixo de dois dígitos nas linhas de entrada do crédito rural.

“Estamos começando a negociar agora já em fevereiro, porque lá em junho e julho a gente vai ter que anunciar alguma coisa de Plano Safra, mas hoje o governo está completamente perdido nesse sentido”, disse.

Para Lupion, não há mais recursos para o atual Plano Safra, apresentado em junho de 2024 com uma Selic em 10,5% ao ano, ante 13,25% atualmente, e a alta na taxa de juros pressiona também instituições financeiras em busca de garantia. É o caso do seguro rural com subsídio público ao prêmio.

“Nenhum banco vai pagar essa conta, então ele precisa ter garantia porque não vai contratar risco. Não temos mais o Proagro, seguro obrigatório das operações de pequenos produtores, e 40% dos beneficiários cortados, e o plano de seguro rural para a garantia de operações, também não tem mais dinheiro”, afirmou Lupion.

Reforma ministerial e Embrapa

O líder da bancada ruralista comentou também sobre a reforma ministerial, que deve atingir a Agricultura, e repetiu não acreditar que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) ocupe a Pasta.

“(Lira) é meu amigo, é do meu partido e, pelas conversas que a gente tem tido, acho que não vai. Não vejo que, no momento político da vida dele, seja positivo ir para um Ministério que está sem dinheiro e não tem resultado positivo para mostrar”, opinou.

Lupion criticou também parte das propostas estudadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a captação de recursos privados para a pesquisa. Como revelou o AgFeed, entre as alternativas apresentadas ao Conselho de Administração da Embrapa está a taxação da produção e de exportações do agronegócio.

“O simples fato de eles cogitarem uma ideia nesse sentido gerou toda uma reação negativa possível e isso a gente não aceita de jeito nenhum”, afirmou o parlamentar.

Lupion afirmou que a bancada ruralista tenta montar um projeto de lei para desenhar um modelo de captação de recursos privados para a Embrapa e que todas as alternativas estão sendo ouvidas.

No entanto, ele já espera resistência sindical e corporativista dentro da estatal para qualquer proposta de mudança.

“A Embrapa precisa repensar, precisa de PPPs, precisa fazer com que o setor privado se beneficie e a gente precisa buscar alternativas, porque a Embrapa não pode ficar dependendo até de compra de papel higiênico, de pedir dinheiro emprestado, o que é ridículo”, concluiu o presidente da FPA.