Lucas do Rio Verde - Sem a presença do ministro da Agricultura Carlos Fávaro, que está em viagem no Japão, a abertura oficial do Show Safra 2025, em Lucas do Rio Verde, foi marcada por autoridades estaduais e pelas principais lideranças do agronegócio de Mato Grosso.

Embora os portões tivessem abertos desde cedo, a cerimônia oficial que marca o início do evento foi realizada à noite. O destaque foi para a presença do governador do estado, Mauro Mendes, que assinou a ordem de serviço para a duplicação da BR-163 no trecho entre Lucas do Rio Verde e Sorriso.

A BR-163 é a principal rodovia para o escoamento da safra de Mato Grosso, somando 850 km dentro do estado. Diversos trechos já foram duplicados, estão em fase inicial de obras ou já tiveram autorização para acontecer.

A concessão da BR-163 foi dada à Odebrecht Rodovias, em 2014, que deveria fazer a duplicação, mas a empresa acabou paralisando as obras devido aos problemas financeiros, na época da Operação Lava Jato.

Diante desse cenário, em 2023, o governo de Mato Grosso assumiu o controle da concessão por meio da estatal MT Par e passou a operar a rodovia sob o nome Nova Rota do Oeste.

Em 2024, o BNDES aprovou um financiamento de R$ 5,05 bilhões para a duplicação de 444 km da rodovia no estado.

Na cerimônia de abertura do Show Safra, o presidente do conselho da Nova Rota do Oeste, Cidinho Santos, disse que esta faixa até Sorriso “é o último trecho do plano de duplicação do setor norte da 163, onde ao todo são 336 quilômetros, trazendo mais segurança para os motoristas e mais eficiência para o transporte da safra”.

Em conversa com o AgFeed, após a cerimônia, o governador de Mato Grosso disse que essa “é a maior obra rodoviária em execução no País, em extensão”. “Este ano nós contratamos 100% da 163, estamos antecipando todas as metas e compromissos firmados com a ANTT. E este ano o governo de Mato Grosso vai asfaltar 1,2 mil km de rodovias novas”, completou.

Mendes também comentou a polêmica envolvendo a moratória da soja. O estado aprovou uma lei para restringir incentivos fiscais para empresas signatárias do acordo antidesmatamento, mas o assunto agora está parado no Supremo Tribunal Federal, que avalia uma possível inconstitucionalidade.

“Eu falei com ministro Flavio Dino, pedi uma conciliação, ele aceitou e agora nós estamos aguardando ele convocar para um diálogo. Mas nós temos um remédio para esse problema”. Perguntado sobre qual seria esse “remédio”, respondeu: “Estratégia a gente não antecipa”.

O governador também confirmou que pediu ao STF o apoio em outro tema que preocupa o estado. Ele diz ter conversado com ministros do Supremo para retomar a permissão para o voo de aviões agrícolas em diferentes propriedades rurais

“Nós peticionamos também, eu estive lá com ele, pedimos para que ou que Anac suspendesse a resolução que proíbe o uso de aviões agrícolas fora da propriedade ao qual ela está vinculada ou que ministro afaste essa resolução. Temos praticamente a maior frota agrícola em Mato Grosso, precisamos permitir que possa ser usada no combate as queimadas”, disse.

Cautela nos negócios

O presidente do Show Safra, Joci Piccini, que também é vice-prefeito de Lucas do Rio Verde, seguiu evitando projetar crescimento para os negócios no evento desse ano.

“O momento do agronegócio, em produção, é bom, mas financeiramente ele vem arrastando um passivo do passado e as pessoas estão procurando ser mais firmes, pensando mais, fazendo mais conta, acredito que vai ser um ano igual a 2024 no mercado de maquinas”, avaliou.

Na visão do empresário, que investe em diferentes segmentos do agronegócio, inclusive na produção de etanol de milho, a feira pode até “trazer um ânimo” para produtores e empresas, que preferem acreditar que o cenário possa melhorar, mas ainda assim, dificilmente isso deve se traduzir em faturamento maior.

“O problema é que o juro está muito caro, não tem liquidez para pagar um juro desse, tem que pensar bem antes de fazer negócio”, disse.

Sobre as melhorias de infraestrutura, ele afirma que a expectativa pela chegada de uma ferrovia na região poderá até trazer “2 ou 3 dólares por tonelada” de renda, mas diz que o processo deve demorar alguns anos, por isso “não se pode fazer conta em cima disso hoje”.

Já a duplicação da rodovia, é vista mais como um ganho na qualidade de vida e na rapidez do transporte da safra. Anualmente, estima-se que aproximadamente 50 milhões de toneladas de grãos, insumos e equipamentos agrícolas sejam transportados por essa via, com destaque para soja, milho e algodão.