Ribeirão Preto (SP) - A gigante global de defensivos e sementes Bayer atua há pelo menos três anos em diversos projetos que envolvem a descarbonização da agricultura brasileira. Agora, além de escala, quer colocar o produtor no centro desses programas.

A empresa anunciou o lançamento nesta quarta, 1 de maio, em coletiva na Agrishow, de uma ferramenta de recomendação guiada para produtores. A ideia da ferramenta é construir, de forma personalizada com cada fazendeiro, planos de manejo para sequestro de carbono no solo e redução de CO2.

A solução estará disponível na plataforma Conecta PRO Carbono, que centraliza todas as informações sobre a produção de grãos e a área produtiva dos agricultores, com a dados e rastreabilidade. O serviço é destinado a usuários da Climate FieldView, plataforma de agricultura digital da empresa.

Ao AgFeed, Fábio Passos, líder do negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, comentou que a ideia para esse novo serviço veio de um questionamento da empresa sobre o papel do produtor nessa equação da descarbonização.

Dentro do programa PRO Carbono, a empresa já desenvolveu, junto com a Embrapa, uma calculadora tropical que mensura as

emissões do cultivo da soja e também para o milho.
Passado o “período de testes”, que envolveu cerca de 2 mil produtores e pouco mais de 200 mil hectares, a ideia é trazer essas boas práticas e colocar esses estudos para valer em 1 milhão de hectares já na safra 2024/25.

“Tinha um pedaço faltando para essa equação: como fazemos todas essas iniciativas escalarem para milhões de hectares”, afirmou Passos.

O produtor que acessar a nova ferramenta irá incluir alguns dados de produtividade, área e da região que está inserido e então receberá uma série de recomendações, que podem ser personalizadas, para um cultivo com menos emissões.

Ele pode receber, por exemplo, a sugestão de trocar um insumo por outro ou então da quantidade de dias de solo descoberto, intensidade de rotação, diversidade de rotação e persistência de palhada.

Nesse sentido, a plataforma fornece uma estimativa do quanto o produtor terá que desembolsar para realizar essa troca e também indica o potencial de sequestro de carbono com a mudança de manejo.

Passos explicou que a base de dados para criar essas recomendações foi originada de toda a biblioteca do FieldView, somada a um trabalho com 70 consultorias nacionais nos últimos anos.

“Por trás de uma plataforma que fala de forma simples e direta com o produtor tem todo um conhecimento gerado por essas consultorias em três anos. Usamos uma Inteligência Artificial para aplicar esse banco de dados de forma assertiva. Com mais agricultores entrando no programa, tudo fica mais refinado”, afirmou.

Com o produtor mensurando e melhorando suas práticas na plataforma da Bayer, a ideia é, segundo Fábio Passos, ajudar esse agricultor a acessar o mercado de crédito de carbono e “financiamentos verdes”.

A visão inicial de todo programa PRO Carbono sempre foi de trazer para o agricultor uma receita baseada no padrão de sustentabilidade dele, afirma o diretor.

Ele conta que a Bayer está validando as calculadoras tropicais, de soja e milho, em padrões internacionais, e também conversando com bancos e seguradoras para que esse programa sirva como ferramenta para um financiamento de título verde, por exemplo.

“Sabemos que as indústrias estão dispostas a investir desde que haja transparência e rastreabilidade. Quando falamos do mercado de carbono, as regras são muito claras na Europa, por exemplo. Sem a clareza da transição do manejo, o crédito não chega”, afirma.