A diretora executiva da Campo Capital, Isadora Caixeta, está na Europa, onde participou do Brazilian Agritech Briefing, roadshow que permitiu a apresentação de startups do agronegócio aos investidores europeus. E sabe que, na volta, um turbilhão a espera: chegará com a gestora que comanda com mais três sócias em processo de crescimento bem acelerado.

A Campo Capital lançou nesta segunda-feira, 19 de junho, duas Cédulas de Produto Rural, ou CPRs Financeiras, emitidas pela Fazenda Agrosilva, localizada na região do Cerrado Mineiro, nas cidades de Patrocínio, Guimarânia, Patos de Minas e Coromandel.

Assim, de uma vez só, a empresa que conecta pequenos investidores com produtores rurais da região, aplia em 2,5 vezes os seus negócios.

Com esta operação, a startup planeja captar R$ 6 milhões. Até então, as outras captações já realizadas somavam R$ 4 milhões. “Devemos chegar aos R$ 10 milhões em operações até o final de julho”, diz Isadora.

A Campo Capital foi fundada por três mulheres de famílias produtoras de café na região de Patrocínio, em Minas Gerais. Além de Isadora, Rafaela Caixeta, que é diretora de Marketing, e Bruna Aguiar, diretora Operacional, iniciaram o projeto em 2020. Maria Izabel Daura, que é gerente Comercial Associada, se juntou à sociedade no ano passado.

O potencial da empresa, que abriu a possibilidade para investidores com valores a partir de R$ 2 mil poderem participar do mercado de crédito ao agro, foi notado inclusive no centro financeiro do País. Em janeiro deste ano, a Ativa Investimentos, corretora localizada em São Paulo, tornou-se sócia da Campo Capital.

“Hoje, a Ativa, a Rural Ventures e mais dois investidores pessoas físicas têm uma fatia de 16% da empresa, com um aporte de R$ 2 milhões. Isso nos dá acesso à base de investidores da Ativa, são 140 mil CPFs cadastrados”, diz Isadora Caixeta.

Ela explica que a Campo Capital faz uma operação que atende pessoas físicas nas duas pontas, já que vende CPRs Financeiras emitidas por produtores rurais acessíveis para investidores com menos caixa que o exigido em grande parte das operações no mercado.

No caso da Fazenda Agrosilva, uma das operações será baseada na produção de soja, que vai representar 80% do cultivo na safra 2023/2024, e 20% na de café.

As duas operações oferecerão aos investidores o mesmo retorno relativo, de 15,5% ao ano. Mas com os prazos diferentes, as taxas finais para os investidores serão diferentes. No caso da CPR de café, o prazo é de 14 meses, com retorno de 18,3% no período. Para a soja, o prazo é de 10 meses, com taxa de 12,76%.

Segundo Caixeta, a Ativa não participa da tomada de decisões dentro da Campo Capital. “Mas eles são muito acessíveis. Sempre opinam sobre a viabilidade dos produtos que pensamos em lançar, sobre as nossas estratégias”.

A Agrosilva é a décima fazenda a realizar uma emissão via Campo Capital. “Todas as fazendas que atendemos até agora eram de café. Patrocínio é a cidade que mais produz café no mundo”, conta Caixeta.

Segundo a diretora e fundadora, a gestora tem 70 fazendas cadastradas. “Estas são as que estudamos e analisamos com mais cuidado. Na base de dados, temos 600 propriedades”.

Caixeta conta que a operação tem feito ajustes para atender as demandas dos investidores. “Nós começamos a ter linhas de prazo mais curto. Antes, tínhamos operações que financiavam a instalação de energia solar nas fazendas, que é um investimento de longo prazo”.

Ao falar de matriz energética, a diretora executiva afirma que a Campo Capital tem entre suas missões financiar e promover formas sustentáveis de produção no Cerrado Mineiro.

“Aqui, somente 2% das fazendas são responsáveis por 68% do desmatamento ilegal. A maioria tem muita consciência da necessidade da harmonia com o meio ambiente. E nós sabemos disso porque visitamos as propriedades que financiamos”, conta Caixeta.

Sobre o tour pela Europa, Caixeta afirma que ainda não tem um compromisso fechado de aporte na Campo Capital. “Mas nós iniciamos conversas muito boas, inclusive com as outras empresas brasileiras que estiveram por lá. Nós queremos acelerar essa aproximação entre agro e ESG”.