Todos os anos, um verdadeiro “vestibular” movimenta empreendedores e organizações voltadas para finanças climáticas em todo o mundo. Elas inscrevem seus projetos na expectativa de fazer parte de uma seleta lista de eleitas pelo The Global Innovation Lab for Climate Finance, instituição voltada ao incentivo à inovação na área do financiamento de atividades relacionadas à mitigação das mudanças climáticas.

A “Turma de 2024”, como denominou o próprio The Lab – como a entidade é conhecida – foi conhecida nesta quinta-feira, 14 de março. São apenas dez projetos, entre eles um brasileiro, desenvolvido em parceria entre o Instituto Folio, organização criada pelos fundadores da Raiar Orgânicos, e a agfintech Traive Finance.

O projeto selecionado foi batizado de Growth Next-Gereation Agriculture (GAN) e tem com o objetivo criar mecanismos de financiamento para indústrias de insumos biológicos, fertilizantes organominerais, sementes e plantas de cobertura.

“Esses são os tripés para a transição para essa nova agricultura que está acontecendo no Brasil e que muitos ainda não conhecem e não entendem”, afirma Luís Barbieri, sócio-fundador da Raiar Orgânicos e criador da Folio. A instituição, sem fins lucrativos, foi criada em 2020 para, segundo ele, “apoiar processo de criação e difusão de conhecimento para a nova agricultura”.

Há cerca de seis meses, o instituo vem trabalhando em conjunto com a Traive na modelagem de operações pontuais para levar crédito a empresas desse segmento. “Passamos a discutir como endereçar ida a mercado dessas empresas”, diz Maurício Quintella, Chief Business Officer da Traive. “A Traive tem sido procurado por elas para trabalhar crédito e financiamento e notamos que havia espaço e necessidade para estruturar as áreas de crédito e gerar financiamento competitivo para acelerar esse processo”.

A seleção pelo The Lab permitirá que os responsáveis pelo projeto recebam mentoria e aceleração da Climate Policy Initiative (CPI), organização filantrópica e independente que está por trás do programa.

E, ao final do processo, elas poderão acessar recursos junto a financiadores. A turma de 2024 do The Lab, tem o apoio de organizações como a Bloomberg Philanthropies e o programa de Desenvolvimento da ONU e os governos do Canadá, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Segundo o comunicado do programa, até o momento as iniciativas desenvolvidas no âmbito do The Lab atraíram US$ 4 bilhões em investimentos.

“Nosso projeto foi inserido em duas das categorias buscadas pelo The Lab, uma com olhar regional, com um programa para o Brasil, e também no tema adaptação”, diz Quintella. “Teremos uma mentoria focada no design da estrutura financeira com blended finance, que trabalha com dinheiro com perfis diferentes”.

Após a mentoria, o programa prevê um período para conexão com investidores e potenciais parceiros. E, em setembro, a apresentação da versão final dos projetos na Semana do Clima em Nova York.

“A grande relevância dessa escolha é poder mostrar a importância e a potência da nossa nova agricultura e colocar o tema da transição da agricultura dentro das questões climáticas, junto com energias renováveis e floresta. Nos fóruns internacionais de finanças climáticas, isso ainda não é tão claro”, diz Barbieri.