Entre o final de abril e o começo de maio, os holofotes do agronegócio estarão voltados para Ribeirão Preto. A cidade, que sedia a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do País, vira palco para uma série de lançamentos, sobretudo das indústrias de máquinas e equipamentos.
Este ano, porém, as inovações não estarão restritas ao ambiente da exposição. A poucos quilômetros dali, no moderno Dabi Businesse Center – sede de agtechs, grandes empresas e do hub Área 51 –, uma iniciativa da AgriforLife – plataforma de inovação criada pela empresa de insumos Casa Bugre e pela empresa de nanotecnologia KrillTech para fomentar uma agricultira mais sustentável -- promete dar um novo olhar para uma das principais tendências do setor, a agricultura regenerativa.
Na terça-feira, 30 de abril, apresenta ali um inédito indicador de Agricultura Regenerativa, desenvolvido pela AgriforLife em parceria com a Quanticum, startup que desenvolveu uma metodologia de tipologia de solos.
A ideia, segundo Everton Molina Campos, diretor de Marketing da Casa Bugre e um dos líderes do projeto, é “criar as bases para ajudar os agricultores a trabalharem no manejo regenerativo”.
O indicador será lançado durante o AgriforLife Talks – Especial Agrishow, evento organizado pela plataforma em parceria com o AgFeed, que vai reunir especialistas em torno do tema A Tecnologia e a Agricultura Regenerativa na manhã do dia 30.
Diego Siqueira, CEO da Quanticum, apresentará o projeto e explicará como as empresas envolvidas no seu desenvolvimento pretendem usar esse novo conceito para promover, junto aos agricultores, a adoção de práticas e de insumos que contribuam para a recuperação dos solos em que cultivam.
“A gente acredita que tudo na agricultura precisa ser mensurável”, afirma Molina. “Nosso objetivo é criar ferramentas que ajudem o produtor, a partir de dados, a recuperar a composição original do solo e, assim, fazer com que ele chegue a uma condição ótima de cultivo”.
A Quanticum entra no projeto, segundo Molina, “com uma base muito forte de inteligência de dados e análise de solo, que ajuda no suporte e recomendação”.
A startup é referência no assunto. Empresa de alta tecnologia especializada no entendimento, mapeamento e manejo dos solos tropicais, conta com patentes nessa área e já opera gerando indicadores de forma segmentada para cada indicador para grandes grupos agroindustriais agroindustrias como Cooxupé, Irani, NovAmérica, além de ter apoio em projetos com o RCGI, um dos maiores centros de gases da América, e ter sido acelerada pelo programa Shell Startup Enginer Brasil.
“O desafio agora é juntar todos esses indicadores em um único número, capaz de oferecer ao agricultor uma informação que leve a uma decisão mais assertiva”, diz Siqueira.
Segundo ele, são mais de 30 diferentes indicadores a serem avaliados, reunidos em uma mesma base e combinados, de forma ponderada, gerando um parâmetro, que expressará o nível de degeneração daquele solo e dará indicações ao agricultor de qual manejo deve ser adotado em sua recuperação.
Os dados avaliados tratarão da composição física, química e biológica de cada terreno e a comparará com uma amostra de um solo original da mesma região, obtida em uma área de preservação permanente próxima.
Assim, será possível estabelecer quais os elementos que foram perdidos em décadas de uso da terra e estabelecer uma estratégia para que se retome a composição original.
“Regenerar é mais que repor, é voltar a uma condição inicial”, diz Molina. “Hoje, a gente está repondo, e não regenerando. Essa é a provocação que queremos trazer”, completa Siqueira.
Segundo o CEO da Quanticum, somente um conhecimento mais profundo do mundo microscópico dos solos permitirá que se avance na direção certa. Siqueira compara o conceito aos avanços obtidos na saúde humana depois que se passou a conhecer o mundo microscópico do sangue.
“As pessoas morriam em transfusão de sangue, até que se descobriu os tipos sanguíneos e passamos a entender que elas deviam ser feitas em pessoas com compatibilidade. Hoje sabemos que há mais de 100 tipificações e isso permitirá ir ainda além”, diz.
Segundo Siqueira, outro objetivo do projeto é “gerar um sistema de métricas baseado em características de solos brasileiros e, assim, impactar em cuidar melhor do solo e produzir comida, energia e fibras sem acelerar degradação, muito pelo contrário”.
Molina afirma que a iniciativa já despertou interesses até de fora do Brasil e há conversa com instituições europeias para internacionalizar o índice.
Além disso, para o futuro ele espera poder lançar até mesmo um selo AgriforLife de Agricultura Regenerativa, em parceria com empresa de auditoria, que permita ao produtor atestar, atravpes do indicador, a saúde do seu solo e, assim, consiga agregar valor ao seu produto.
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