De abril até a semana passada, os dias de trabalho foram agitados na diretoria agro do Sicoob, um dos maiores sistemas de cooperativas de crédito do País.

A agenda de seus diretores foi preenchida por uma série de reuniões com grande parte das mais de 300 cooperativas que fazem parte da instituição, a fim de fechar as contas para as linhas de crédito para o Plano Safra 2024/2025.

O número foi definido no final da última semana, dias após o anúncio oficial do Governo Federal, e apresentado nesta segunda, 8 de julho, em uma coletiva a jornalistas.

Serão R$ 53,4 bilhões de reais liberados em crédito rural durante a temporada que acabou de iniciar. O valor é 10% maior frente ao que foi desembolsado na safra 2023/24, quando a instituição liberou R$ 48,4 bilhões.

O número do ano passado veio 29% acima do disponibilizado na safra 2022/23, mas levemente abaixo da projeção de R$ 49 bilhões feita antes da safra passada começar.

De acordo com o diretor-presidente do Sicoob, Marco Aurélio Almada, a “alocação expressiva” contará com mais de R$ 30 bi para custeio, cerca de R$ 12 bi para investimentos e mais quase R$ 9 bilhões para industrialização de produtores.

Atualmente, o Sicoob conta com mais de 7,9 milhões de cooperados, dos quais 560 mil são produtores rurais. Desse total, a grande maioria é de agricultores pessoas físicas.

Luciano Ribeiro, superintendente comercial de agronegócio na Sicoob, afirmou que a instituição já iniciou campanhas para que esse cliente utilize as linhas na nova temporada.

“Estamos juntando esforços para que essa base receba mensagens e saiba que a safra está começando”, diz.

A expectativa é de que cerca de 28% do dinheiro financie pequenos e médios produtores, sendo R$ 5,9 bilhões por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e outros R$ 9 bilhões via Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).

Historicamente, o maior volume de recursos é destinado a fazendeiros dos estados de São Paulo e Minas Gerais, principalmente pecuaristas. O restante se divide entre sojicultores, cafeicultores, produtores de cana e milho. Na safra que acabou de acabar, 36% das operações foram destinadas à pecuária.

Ribeiro vê o Sicoob vindo de um “ano desafiador”, em que, mesmo com uma inadimplência considerada controlada no setor, a instituição viu renegociações acima da média histórica.

Para a safra que se inicia, Francisco Reposse Junior, diretor comercial e de canais do Sicoob, vê que o crédito para investimentos pode ser um grande destaque na temporada.

“Vimos, pelas feiras, uma retração no comércio, mas geralmente o produtor não fica mais de dois anos sem investir. Se tinha alguém com projetos na gaveta, acreditamos que seja tirado nesse Plano safra”, afirmou.

Dos R$ 48,4 bilhões da temporada passada, foram R$ 8,1 bi para o Pronamp, R$ 5,3 para o Pronaf e o restante para produtores de maior porte. A maior parte dos recursos, R$ 19,3 bilhões, foi para custeio, uma baixa de 10% frente ao destinado para esse segmento na safra 2022/23.

Os recursos para investimento subiram 29% e bateram R$ 7,7 bilhões. Francisco Reposse Junior destacou o avanço de 240% do crédito sem direcionamento feito através de CPRs de uma safra para a outra. O número passou de R$ 4,7 bilhões em 2022/2023 para R$ 16 bilhões em 2023/2024.

A expectativa para a nova safra é que o volume destinado via CPRs atinja R$ 17,3 bilhões.

Além do aumento de recursos destinados na safra passada frente a anterior, Reposse Junior destaca que, como o produtor teve um custo de produção menor, o Sicoob financiou mais hectares.

“Nosso ticket médio ficou em R$ 276 mil, mostrando a vocação para pequenos e médios produtores. Foram 175 mil operações novas feitas no último ano-safra”.