O Japão, segundo maior mercado para a carne de frango de Santa Catarina, decidiu suspender as compras após o registro de gripe aviária em ave doméstica do estado, informou ao AgFeed o gerente executivo do Sindicarne-SC, Jorge Luís de Lima.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa o setor nacionalmente, também confirma que uma nota técnica do Ministério da Agricultura foi enviada ao setor privado informando sobre a suspensão.
"Ontem estivemos na região onde foi registrado o caso de 'fundo de quintal’ e diversas medidas sanitárias já foram adotadas”, informou Lima.
A ave diagnosticada com a influenza aviária é de criação doméstica, encontrada no município catarinense de Maracajá. Quando houve caso semelhante no Espírito Santo, o Japão também anunciou uma suspensão, mas o estado não exportava carne de frango ao mercado asiático. Já Santa Catarina é grande exportador do produto.
O estado exportou 132 mil toneladas de carne de frango para o Japão em 2022, informou ao AgFeed o gerente do Sindicarne-SC. No total, as exportações catarinenses do produto foram de cerca de 1 milhão de toneladas, portanto uma suspensão total do mercado japonês significaria uma queda de 13% nos embarques do estado.
De janeiro a junho deste ano, Santa Catarina exportou 69 mil toneladas para o Japão, que foi o segundo maior mercado, perdendo apenas para a China, que comprou 70 mil toneladas, segundo Lima.
"Mas estamos confiantes de que a missão brasileira que vai visitar os países asiáticos na semana que vem possa avançar nos acordos de regionalização, para que os embargos só ocorram caso haja casos da doença em granjas comerciais", explicou o dirigente.
O setor acredita que o Japão poderá rever esta decisão porque 31% do frango in natura que importa vêm de Santa Catarina.
Em nota divulgada no início da noite da segunda-feira 17, a ABPA, a Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e o Sindicarne - SC disseram que lamentam a decisão das autoridades sanitárias do Japão em suspender temporariamente as importações de carne de frango produzidas e exportadas pelo Estado de Santa Catarina.
O texto destaca, no entanto, que a decisão japonesa não altera o status do Brasil como livre de Influenza Aviária, já que o país não possui qualquer registro de IAAP na produção industrial - esta é a única situação que poderia gerar alteração no status brasileiro.
Segundo a nota, os embarques mensais de carne de frango de plantas catarinenses para o Japão representam menos de 3% do total exportado pelo Brasil. A ABPA e as entidades do estado esperam que parte do impacto da suspensão imposta seja absorvida por outras unidades frigoríficas também habilitadas a exportar, localizadas em outros estados - diminuindo, assim, os efeitos negativos para as exportações brasileiras e aos consumidores japoneses.
Também o Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) divulgou comunicado informando que "enviou nesta segunda-feira (17) os esclarecimentos demandados e segue trabalhando para que o impacto das restrições seja o menor possível aos exportadores brasileiros".
De acordo com o Mapa, o ministro Carlos Fávaro se reunirá com autoridades japonesas em Tóquio na próxima semana, e espera reverter a decisão, pedindo que o Japão ajuste as exigências de importação de aves e seus produtos às diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).