O Brasil tem exportado cada vez mais carne para a Rússia. E essa tendência deve continuar em 2024, já que o país que fica parte na Europa, parte na Ásia, renovou as cotas da proteína brasileira que serão importadas com tarifas reduzidas para 2024.

Segundo informações divulgadas nesta sexta-feira, 15, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a quota inclui mais de 900 mil toneladas de carne brasileira. São 570 mil toneladas de carne bovina, e 364 mil toneladas de frango.

A medida tomada pelo governo russo vale a partir de 1º de janeiro, e vale até o dia 31 de dezembro de 2024.

Foi aberta ainda uma quota de 124,5 mil toneladas de carne bovina para processamento na União Econômica Eurasiática (UEEA). Deste volume, serão 100 mil toneladas para a própria Rússia, e o restante para os outros países do grupo, composto por Armenia, Belarus, Cazaquistão e Quirgistão.

No caso da carne destinada à Rússia, a quota terá a tributação reduzida de 50% para 15%, no caso da bovina, e tarifa zero para as aves. A tarifa zero valerá também para a carne importada pela UEEA.

O Mapa informou ainda que "além das quotas já anunciadas, estão sendo discutidas medidas adicionais de interesse do agronegócio brasileiro". A Rússia considera instituir uma quota para importação de 1,2 bilhão de unidades ovos, com tarifa zero, válida para primeiro semestre de 2024. A tarifa de importação de ovos na União Eurasiática pode chegar a 15%.

Segundo informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no caso do frango, as quotas estão divididas em 250 mil toneladas com carcaças, pernas e cortes não desossados, e 100 mil toneladas de produtos desossados, além de 14 mil toneladas de peru inteiro e carcaças.

“As vendas de carne de frango do Brasil para o mercado eurasiático registraram forte expansão ao longo de 2023, e se espera uma ampliação nesta parceria”, avalia o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.

Ainda segundo a ABPA, entre janeiro e novembro, a Rússia importou 43,6 mil toneladas de frango brasileiro, volume 44,2% superior ao volume de 2022. Estas exportações geraram receita de US$ 81,2 milhões este ano, de acordo com os dados coletados pela associação.

“É uma notícia positiva, e seguimos observando os mercados orientais buscando cada vez mais o Brasil como alternativa para compra de proteína animal”, afirma João Abdouni, analista da Levante Corp.

Com essa tendência, ele espera que a produção nacional de carnes continue em trajetória de crescimento nos próximos anos.

“Vai ser necessário para atender as necessidades da Eurásia, que já é o maior cliente do setor. E à medida que aumenta a renda dos países daquela região, o consumo de carne cresce de maneira significativa”, diz Abdouni.