Um pequeno passo à frente, apenas para não ficar parado. Da lavoura à indústria, todo o complexo soja – que movimenta um PIB estimado em 691 bilhões anualmente – deve se mover de forma cautelosa em 2024.

Esse é o cenário indicado pelo relatório divulgado nesta terça-feira, 17 de outubro, pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), entidade que reúne as principais empresas processadoras do grão. É o primeiro a trazer expectativas em relação à safra 2023/2024, analisando os dados provisórios de plantio, juntamente com os do fechamento do ciclo anterior.

E elas não são altas. De acordo com a Abiove, o país deve encerrar safra 2022/2023 com 157,7 milhões de toneladas de soja colhidas. Para a nova safra, a projeção é que o montante atinja as 164,7 milhões de toneladas.

A projeção da entidade para o ano que vem mostra uma desaceleração no crescimento da produção quando comparada ao avanço anterior. De 2021/2022 para 2022/2023, o avanço na produção foi de 21,4%, enquanto que de 2023 para 2024, o aumento deve ficar em 4,4%.

A boa notícia é que o crescimento menor se dá sobre uma base elevada. A safra 2022/2023 foi recorde e representou, segundo Daniel Amaral, diretor de Economia da Abiove, uma importante recuperação sobre a anterior, que havia sido comprometida por problemas climáticos.

“Para 2024, projetamos uma continuidade, mesmo assim a primeira estimativa aponta mais um recorde histórico na produção de soja. Isto se deve ao crescimento da área, de 44 milhões de hectares em 2023 para 45,1 milhões em 2024”, comentou ao AgFeed.

Segundo Amaral, a produtividade média nacional deve passar de 3,5 quilos por hectare para 3,6 quilos por hectare no ano que vem.

O processamento da soja acompanha o avanço. Nas projeções da Abiove, a soja esmagada deve encerrar 2023 em 53,5 milhões de toneladas. No ano que vem, a perspectiva é de 54 milhões de toneladas.

A indústria, assim, opera com relativa folga. Em setembro passado, a própria Abiove revelou que a capacidade de processamento de oleaginosas este ano deve atingir 69,2 milhões de toneladas, acima das 65,5 milhões de toneladas de 2022.

Com isso, a indústria passa a ter condições de processar 209.632 toneladas por dia, um aumento de 5,5% em relação ao ano passado.

“O processamento do grão também deve seguir uma continuidade, mesmo assim deve ser o maior já anotado em toda a série, 54 milhões de toneladas, por conta especialmente do aumento da demanda por óleo de soja para biodiesel”, afirmou ao AgFeed.

Na ocasião, o diretor comentou que um aspecto interessante deste avanço é que ele ocorre não apenas por projetos de ampliação, mas também pelo fato de algumas plantas que estavam paradas terem sido reativadas.

O levantamento da Abiove mostra ainda que as exportações de soja em grão devem se manter estáveis, tanto nesse ano quanto no ano que vem, ao redor de 100 milhões de toneladas.

Estabilidade também é a previsão para a produção de farelo de soja na comparação entre 2023 e 2024. Neste ano, a expectativa é de 41 milhões de toneladas e, no ano que vem, 41,3 milhões.

O mesmo cenário se repete para o óleo de soja, cuja produção, nos números da Abiove, deve ficar em 10,8 milhões de toneladas e 10,9 milhões de toneladas em 2023 e 2024, respectivamente.

O volume de óleo de soja exportado foi um dos que chamou a atenção de Amaral. “A exportação deve diminuir de 2,4 milhões em 2023 para 1,6 milhões de toneladas exportadas ano que vem”, afirmou. “Esta retração decorre da maior demanda pelo óleo para uso interno, sobretudo para fabricação do biodiesel”.

Os dois números mostram avanços quando comparados ao visto em 2022. No ano passado, a produção do farelo ficou em 39 milhões de toneladas e o óleo encerrou em 9,9 milhões de toneladas.