O pedido de desculpas do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, à agricultura brasileira, por ter colocado em dúvida a qualidade da carne produzida no Brasil e no Mercosul, entregue nesta terça-feira, dia 26 de novembro, ao governo brasileiro, fez os frigoríficos voltarem atrás e retomarem o fornecimento de alimentos ao grupo francês.

A Associação Brasileira das Indústrias de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também receberam a carta de forma positiva.

Mas as desculpas não foram aceitas por todos. É o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que considerou a carta de Bompard "fraca", e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

No fim da tarde desta terça-feira, dia 26 de novembro, a entidade anuncou que vai adotar medidas junto à União Europeia contra o Carrefour e demais empresas francesas por terem afirmado que deixariam de comprar carne de países do Mercosul. A CNA, no entanto, não chega a dar mais detalhes sobre quais exatamente seriam essas medidas.

Em um vídeo divulgado à imprensa, o presidente da CNA, João Martins, disse que a CNA foi "surpreendida" pela atitude do Carrefour e de outras empresas. Para Martins, as companhias europeias buscaram macular a imagem da carne brasileira ao afirmar que o produto não é de qualidade e que não atende os padrões europeus.

"Diante dessa acusação, nos vimos obrigados a buscar nosso escritório em Bruxelas e nosso escritório de advocacia que nos atende em Bruxelas para entrar com as ações devidas para buscar esclarecimento da verdade", afirmou Martins.

Acompanhando Martins no vídeo, estava o advogado Carlos Bastide Horbach, consultor jurídico da CNA e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, que disse que a área jurídica da confederação dos produtores já está em tratativas com o escritório de advocacia que atende a entidade em Bruxelas para avaliar os próximos passos.

Citando "recente fala" da ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, provavelmente se referindo à entrevista da ministra à rádio France Inter na segunda-feira, dia 25 de novembro, em que Genevard disse que o acordo entre União Europeia e Mercosul "não era bom" e que não atendia aos padrões sanitários, Horbach disse que "medidas essas que podem caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência da União Europeia."

"A CNA vai formalizar uma reclamação junto aos órgãos da União Europeia para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico", completou Horbach.

Até o fechamento da reportagem, a assessoria de imprensa da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) não havia respondido ao pedido de entrevista feito pelo AgFeed.