O assunto é tratado de forma aberta em Brasília: em uma eventual – para muitos, provável – reforma ministerial realizada pelo presidente Lula após o início da nova legislatura, o Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) deverá ter um novo titular.

E a lista de apostas para uma possível sucessão do atual ministro, Carlos Fávaro, começaria com um nome de peso: o deputado Arthur Lira (PP-AL), que deixará o cargo de presidente da Câmara dos Deputados no próximo dia 3 de fevereiro.

Lira já teria até confessado a alguns correligionários e políticos mais próximos que gostaria de assumir o Mapa. Lá, na sua visão, ele seguiria com poderes, status e ainda teria um controle de cerca de R$ 500 milhões em emendas parlamentares que são atribuídas à pasta anualmente.

Entre o desejo e a indicação, entretanto, há muita política a ser feita. O poderoso deputado alagoano e o próprio presidente da República, que seria simpático à ideia, teriam de lutar contra os interesses do aliado PSD.

Foi a bancada no Senado do partido presidido por Gilberto Kassab quem indicou Fávaro – senador eleito pelo PSD de Mato Grosso – ao governo em 2023. No desenho interno do partido, com a saída de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) do comando do Senado em 2025 e a possibilidade de ele também assumir um ministério, uma indicação para a Agricultura ficaria a cargo da bancada da Câmara.

Com 44 deputados federais, o PSD tem a quinta maior bancada na Câmara, empatado com MDB e Republicanos, e tem dado suporte ao governo federal no Legislativo. O PP de Lira tem 50 parlamentares.

“Sou do PP, mas o Arthur não conversou comigo sobre esse assunto”, afirmou ao AgFeed o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR).

“Se for para trocar (o comando do Ministério da Agricultura) por Arthur Lira, seria bom, mas acho que o PSD não vai abrir mão de um ministério importante como esse”.

Apesar do elogio de Lupion ao seu correligionário, internamente a bancada ruralista trabalha para não avalizar qualquer indicação para o Ministério da Agricultura.

“Queremos que seja alguém de convivência e que dialogue com o setor. Mas não vamos avalizar, porque significaria um apoio ao governo. A Frente não é de oposição e não seríamos de situação”, disse à reportagem o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), também integrante da FPA.

Apesar de ser agropecuarista e de ter uma carreira política longa como vice-governador e senador por Mato Grosso, Fávaro teria perdido pontos politicamente no governo. Sua aposta mais recente era a eleição da filha, Rafaela Fávaro, como vice na chapa de Lúdio Cabral (PT) à prefeitura de Cuiabá. No entanto, eles foram derrotados por Abílio Brunini (PL), eleito com 53,8% dos votos.

Segundo a avaliação de analistas em Brasília, de olho no cargo e na disputa com Lira pela vaga de Fávaro, a bancada do PSD na Câmara tem dois caminhos: o mais simples seria promover o atual ministro da Pesca, André de Paula, para Agricultura.

Deputado federal por Pernambuco no sexto mandato, o ministro da Pesca já ocupou as lideranças da bancada do PSD e da minoria na Câmara e tem um bom trânsito entre os parlamentares.

Outros nomes para o cargo seriam os dos deputados federais Hugo Leal e Pedro Paulo. Ambos são da bancada fluminense e teriam o suporte do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O AgFeed entrou em contato com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Já a assessoria de Arthur Lira informou que ele segue recluso após a morte do pai, Benedito de Lira, prefeito de São Miguel (AL), na terça-feira, 14, e que não iria se manifestar.

A assessoria informou também que o deputado não tem falado sobre a possibilidade de ganhar um cargo na Esplanada dos Ministérios ao deixar o comando da Câmara.