Com a ajuda do Ministério da Fazenda e Tesouro Nacional, o programa de recuperação de solos brasileiros deve ganhar mais tração nos próximos meses.

Segundo revelou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o programa deverá receber mais US$ 1,3 bilhão de equalização, algo em torno de R$ 7 bilhões, dobrando o previsto para essa temporada no Plano Safra e atingindo R$ 14 bilhões.

“Esses novos recursos terão taxas de juros menores que a do Plano-Safra, que é de 7%. As novas taxas serão de 6,5% com três anos de carência. Isso dará robustez e incentivo para que produtores façam sua parte e invistam na produção de alimento e matéria prima para combustíveis”, afirmou o ministro.

Fávaro fez o anúncio durante o evento Agriculture Investment Conference, promovido pelo banco UBS nesta segunda-feira, 23 de setembro, em São Paulo.

Ele ainda declarou que nesta tarde, assinará documentos para inclusão no programa de produtores que tiveram áreas destruídas pelos incêndios das últimas semanas.

“Vamos conversar com produtores de Ribeirão Preto (SP), sul de Minas Gerais e do Mato Grosso, para que eles possam acessar as mesmas linhas de créditos para recuperar áreas”, afirmou.

Somado a isso, afirmou que está em conversas com o Ministério do Meio Ambiente para criar uma linha com juros negativos para que produtores aumentem brigadas e melhorem suas operações de combate a incêndios.

Fávaro participou de um painel do evento do UBS junto com Gilberto Peralta, CEO da Airbus no Brasil, e Erasmo Batistella, CEO da Be8, onde debateram as oportunidades e futuro do SAF no Brasil.

A ideia do programa de recuperação de áreas degradadas, segundo o chefe do MAPA, é ampliar as áreas produtivas do País preservando o Cerrado e áreas de florestas.

Com a ampliação de áreas para agricultura, Fávaro crê em uma geração tanto de grãos para se tornarem SAF quanto de créditos de carbono para companhias aéreas, gerando receita aos produtores.

Na esteira da conversa dos presentes, foi comemorada a aprovação do PL do Combustível do Futuro pelo Congresso no começo do mês. Peralta, da Airbus, viu com bons olhos a rapidez da aprovação e projetou que o presidente Lula sancione o projeto na próxima semana. Fávaro não comentou.

“A Airbus olha o Brasil com muito otimismo. Um estudo que estamos terminando de produzir com o MIT (Massachussets Institute of Technology) e devemos apresentar ao ministro em outubro, mostrará que o Brasil tem potencial de ser o maior produtor de SAF do mundo”, afirmou Peralta.

Segundo ele, os Estados Unidos consomem, por ano, 120 bilhões de litros de combustível em suas aeronaves, e o Brasil, 8 bilhões. Nos cálculos do CEO, tanto o Brasil quanto os EUA produzirão algo em torno de 50 bilhões de litros anuais daqui alguns anos.

“Os EUA terão que importar, e o Brasil pode se aproveitar disso para se transformar na Arábia Saudita do SAF”.