Buenos Aires (Argentina) - Faltavam dois dias para a posse do novo presidente argentino quando Fernando Vilella, o escolhido de Javier Milei para cuidar das políticas ligadas ao setor agropecuário, reservou 20 minutos da agenda para receber o AgFeed.
O local marcado foi o Edifício Cerrito, prédio comercial em uma das esquinas da avenida Libertador, no coração de Buenos Aires. Naquele momento, o lugar estava repleto de jornalistas na calçada. Ali trabalhavam diversos times técnicos do governo de transição.
"A Argentina precisa duplicas as exportações agrícolas no menor tempo possível", afirmou o titular da Secretaria da Bioeconomia, que no governo anterior se chamava de Secretaria de Agricultura, o correspondente, no Brasil, ao Ministério da Agricultura.
Para atingir este objetivo, o ex-professor da Universidade de Buenos Aires ressaltou que o primeiro passo são as medidas do Ministério da Economia previstas para serem anunciadas desde a posse, que aconteceu neste domingo, 10 de dezembro, até terça-feira, para que se elimine as diferentes taxas de câmbio hoje adotadas na Argentina.
Segundo Vilella, os produtores rurais do País chegaram a perder até 50% de sua receita, recentemente, porque além dos impostos sobre exportação, ficam sujeitos à uma taxa de câmbio diferenciada, que não reflete a realidade de mercado.
A expectativa é de que mudanças que serão implementadas "de forma muito rápida, não gradual” já comecem a ter reflexos positivos sobre o agro argentino, na visão dele.
Algumas decisões serão tomadas logo nas primeiras semanas e podem se viabilizar por resoluções da própria Secretaria de Bioeconomia, como por exemplo, a eliminação de regras que proíbem a exportação de determinados cortes de carne.
Se confirmada, a medida tende a beneficiar grandes grupos brasileiros, como a Minerva Foods, que possuem unidades de abate e exportação em solo argentino.
Já as chamadas “retenciones”, que incluem impostos sobre exportação – no caso da soja em grão chega a 33% - Fernando Vilella afirmou que serão retiradas, com certeza, mas no “médio e longo prazo”, descartando a possibilidade de que ocorram nos primeiros meses do governo.
O novo secretário diz que o nome "Bioeconomia” busca adicionar ao agronegócio o conceito da preocupação com o meio ambiente e com a sociedade como um todo.
Ele contesta, no entanto, algumas das exigências internacionais para que se reduza as emissões na agropecuária e afirma que "seria muito bom trabalhar junto com o Brasil nesses aspectos, para podermos colocar nossos pontos fortes na mesa das negociações internacionais e parar de comprar os discursos europeus".
Vilella disse que já está conversando com representantes do atual e do governo anterior do Brasil. Mas deixou claro que haverá mudanças na relação com países compradores, inclusive com a China.
Ao longo da conversa, o novo secretário sinalizou que as políticas devem trazer, além de um modelo para “desregular” o mercado, incentivos para a agroindústria, especialmente para setores como carnes e biocombustíveis.
Confira os melhores trechos da entrevista de Fernando Vilella ao AgFeed.
Assim que seu nome foi confirmado para liderar a área que cuida da agropecuária, uma mudança imediata foi anunciada, que é a troca no nome da Secretaria de Agricultura, passando a se chamar Secretaria da Bioeconomia. Conceitualmente, o que está por trás desta troca de nome e o que muda na missão deste cargo?
Nossos países se caracterizam por serem grandes potências na gestão da fotossíntese. Tradicionalmente essa gestão da fotossíntese tem a ver com a produção de grãos, carnes, etc, alimentos humanos, energia. O conceito de bioeconomia acrescenta mais conhecimento a tudo isso. E esse conhecimento adicional tem a ver com a transformação desses produtos básicos em muitos outros de maior valor e, também, com a substituição daqueles que até agora provinham da petroquímica ou da química pesada.
A preocupação ambiental dos compradores externos, então, está envolvida nessa conjuntura?
Num contexto global, de mudanças climáticas, onde há procura por parte dos consumidores de rastreabilidade e certificação, decidimos incorporar já, desde o nome, a Bioeconomia. Foi tendo em conta a maior complexidade que envolve não só os sistemas de produção em si, mas também o ambiente em que a sociedade e também os clientes estão inseridos. Com base em suas demandas, nesse contexto, o Presidente Milei aceitou a proposta de dar um salto conceitual e, desde o nome, expor algumas ideias sobre o que pretendemos fazer. A Argentina precisa duplicar as exportações agrícolas no menor tempo possível, mas temos restrições cambiais muito importantes.
O agro terá papel importante para recuperar a economia?
Houve uma seca no ano passado e isso gerou distúrbios que mostram precisamente o enorme papel desempenhado pela agricultura na Argentina. Não é verdade? Se a agricultura vai mal, quebra o Banco Central, e com um grande custo social. Portanto, a ideia que temos para o futuro é reformular todas as políticas e estratégias com essa visão, a visão de que tudo o que não estiver alinhado à redução de custos ou ao avanço nos mercados e à duplicação das exportações é algo que consideramos um problema complexo.
A meta é ambiciosa, para pouco tempo. Como atingi-la?
Para duplicar as exportações, temos de fazer acordos internacionais, porque, se não, para quem vamos vender? Precisamos ter alta tecnologia que gere competitividade, essa tecnologia começa pelas sementes. Não temos uma boa lei de sementes e há um mau uso na Argentina, ao contrário do Brasil. Também temos que ter essa crescente incorporação tecnológica desses sistemas, que na Argentina é complicado porque não há uma boa conectividade rural. Portanto, há uma visão sistêmica, há muitas e muitas questões em jogo. Sim, temos que resolvê-las, não é mesmo? E, de certa forma, essa é a proposta que estamos tentando construir e levar adiante.
Os exportadores argentinos se queixam dos entraves impostos pelos governos anteriores...
Na Argentina, há várias regulamentações que impedem as exportações. Você precisa pagar impostos para exportar, por exemplo. Isso não acontece no Brasil ou em qualquer outro país relevante. E, bem, houve, esse processo de declínio nos últimos anos na Argentina. Hoje temos muito mais pessoas pobres do que quando entrei na universidade na década de 1970, quando havia 5% de pobres. Em 20 milhões de habitantes, havia 1 milhão de pessoas pobres. Hoje, há mais de 20 milhões em 48 milhões de pessoas, que são pobres. E isso tem a ver, precisamente, com políticas equivocadas que restringiram a saída para o exterior, que reduziram a capacidade produtiva, etc.. Tudo o que queremos é que o nome bioeconomia seja uma realidade.
Nos últimos dias estive com produtores e executivos de empresa do agronegócio na Argentina. Percebemos uma grande expectativa com o novo governo, especialmente no que se refere a uma possível redução dos impostos aplicados ao agro, como é o caso das chamadas retenciones, que restringem as exportações. Para quando podemos esperar esta mudança?
Nós temos dois problemas na renda dos produtores exportadores. Por um lado, alguns produtos possuem essas taxas de exportação, que aqui são chamadas de retenciones, com valores, que no caso da soja é de 33%. Diferente dos produtores brasileiros, que ficam com 33% do valor. Além disso, a moeda recebida vale metade do que realmente deveria valer.
"Estamos recebendo um país falido. Ou seja, não existe, não existe moeda no Banco Central"
Você tem uma situação dupla. Por um lado, 33% estão sendo tirados do produtor através de retenções, mas também pelo menos 25 ou 30% hoje, mas até há poucos meses era mais de 50%, devido a uma taxa de câmbio utilizada, que não era a mesma taxa do mercado.
Estamos recebendo um país falido. Ou seja, não existe, não existe moeda no Banco Central, existem dívidas, existem dados que ainda não se conhecem sobre certas características do que o atual governo levou para negociar, por exemplo, com a China, o yuan. Ninguém sabe como é isso, quais são as taxas, etc..
Quais serão as primeiras medidas do governo Milei para o setor?
Então, acho que serão duas etapas. Um primeiro passo que será tornar transparente o valor da moeda, que em geral é muito maior para todos os setores, porque receber metade do que ela vale é dobrar sua renda, certo? Esse é um ponto que pesa muito mais que as retenções, porque as retenções gerais ficam entre aproximadamente 8% e 12%, exceto no caso da soja, que é 33%, o que é muito. Então, bem, veremos quais anúncios serão feitos nestes dias pelo Ministro da Economia para ver como diminuir essa lacuna o mais rápido possível. E por outro lado, a expectativa é trabalhar sobre o tema as retenções no médio e longo prazo.
De que forma as mudanças anunciadas pela nova equipe econômica devem impactar a agricultura?
São todas muito favoráveis para a agricultura, porque está muito claro que este é o setor mais competitivo no País, sendo também aquele que pode reagir mais rapidamente para gerar divisas, gerar trabalho, etc.. Ou seja, os anúncios são alinhados pela primeira vez em muitos anos a favor da agricultura.
Acredita que seja possível reduzir os impostos sobre a exportação de soja, farelo e óleo, por exemplo, já nos primeiros meses de governo ou pelo menos ao longo de 2024?
Nos primeiros meses considero que seja muito complexo devido à crise atual. Há um compromisso do presidente em acabar com as retenções e isso vai acontecer, durante o período de seu governo. Mas não temos condições de fazer uma previsão, dizer exatamente quando. Podemos fazer uma previsão com base na lacuna que eu falei (da taxa de câmbio), que é um valor muito importante e muitas vezes, como eu disse antes, eles estão até acima da questão das retenções.
No caso da carne bovina, as grandes empresas reclamam que a exportação de alguns cortes de carne ainda está proibida. Também pretendem flexibilizar isso ?
Sim, isso vai desaparecer. Todas as regulamentações de exportação e importação desaparecerão imediatamente, ou seja, nas primeiras semanas. Tem toda essa questão da cotação, a questão dos cortes, tem os trustes de óleo de girassol, farinha de trigo, etc.. Tudo isso faz parte do passado.
"O mais importante é o sinal que tudo isso terá para o próximo ciclo, para a próxima semeadura"
Muitas dessas coisas são resoluções, são do próprio secretário, e é isso que eu vou fazer. Há outras que estão em nível de decreto, que serão geridos pelo Ministro da Economia. E há outras que vão aparecer nesta primeira lei abrangente que será apresentada ao Congresso entre segunda e terça-feira, onde muitas das questões serão desregulamentadas. Ou seja, estamos atacando as três escalas, a escala de lei nacional que tem que passar pelo Congresso, dos decretos ministeriais e das resoluções da Secretaria, que são as que eu vou fazer. Estão todas preparadas.
Então a mudança será gradual?
Não, não é gradual. Vai ser muito rápido, certo? Ou seja, todo o conjunto de medidas, essa grande lei, vai entrar no Congresso nesta segunda ou terça. Os decretos vão sair na semana e eu estarei emitindo resoluções todos os dias. É justamente desvendando todo esse emaranhado que é infinito em muitas resoluções que se modificam.
Com isso, espera melhores resultados para as exportações e a produção agrícola na Argentina, já em 2024?
Acreditamos que em 2024 estaremos realmente colhendo, no caso da Argentina, o que foi plantado com milho e soja nesta primavera. Felizmente, ao contrário do ano passado, a previsão meteorológica indica que haverá boa disponibilidade de água e deve haver uma colheita interessante em termos de volume. Os preços internacionais não são os melhores, mas também não são os piores.
O mais importante é o sinal que tudo isso terá para o próximo ciclo, para a próxima semeadura, ou seja, para o trigo que será plantado no nosso inverno, ou para o milho e a soja que serão semeados na próxima primavera. E também o resto de todas as outras atividades, certo? Onde seria? Bom, vai ter, nós entendemos, um incentivo muito grande para a produção crescer.
Há uma pressão crescente sobre os agricultores de todo o mundo para mudarem suas práticas e se alinharem cada vez mais com as metas dos países para reduzir as emissões de carbono. Qual é o seu plano em relação a esta questão para a agricultura e pecuária argentina?
Acredito que somos parte da solução, não somos o problema. Quando você olha quem são os emissores na China, nos Estados Unidos e na Europa, cerca de 55% das emissões são geradas por eles. O setor energético é o maior emissor. Por isso parece, por vezes, um pouco ridículo colocar ênfase em certos aspectos da agricultura e da pecuária. No entanto, estamos começando a medir, com os critérios do IPCC, a pegada de carbono.
O que estamos constatando é que o sistema argentino, baseado no plantio direto, no caso do milho, por exemplo, tem 60% menos pegada de carbono que a média global. E no caso do trigo, o mesmo. Se você tiver uma matéria-prima que tenha uma pegada baixa, tudo o que for produzido com ela também terá uma pegada baixa. Os dados que temos são que o frango argentino tem uma pegada de carbono que representa 1/3 do frango europeu ou 60% menor que a do frango brasileiro, por exemplo.
"Seria muito bom trabalhar com o Brasil, para podermos colocar nossos pontos fortes na mesa das negociações internacionais e parar de comprar os discursos europeus"
E se você produzir etanol... O etanol de milho argentino está entrando no mercado europeu porque é o único que atende a um padrão muito exigente de economia de pelo menos 70% de emissões em relação à gasolina. E assim podemos continuar. Então, a nossa ideia é que temos que fazer um sistema de certificação e rastreabilidade muito poderoso que nos permita gerar uma marca país que associe nossos produtos a produtos gerados em ambientes ecologicamente corretos.
Como pretende trabalhar isso?
É a diferença do discurso europeu. Temos dados que mostram que eles são parte do problema e nós somos parte da solução. Seria muito bom trabalhar com o Brasil nesses aspectos, para podermos colocar nossos pontos fortes na mesa das negociações internacionais e parar de comprar os discursos europeus, que muitas vezes escondem por trás disso as questões políticas e estratégias comerciais. Eles já estão percebendo que estão falhando e retrocedendo. Recentemente, a União Europeia começou a recuar. Temos que ter isso claro e usar essa força para discutir a partir de outra perspectiva.
É possível fazer esse trabalho unificado com o Brasil?
Nisso, o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) está fazendo um bom trabalho nos fóruns internacionais, levando o CAS, que é o Conselho Agropecuário do Sul, a posições comuns, que envolvem o Mercosul, mais a Bolívia e o Chile. Eu tenho que presidir porque há um revezamento. Este ano é a vez da Argentina e será a minha vez como Ministro da Agricultura. Existem documentos de posicionamento de que a nossa pecuária tem características que não são o que dizem, não é verdade. Esses animais não apenas emitem, mas estão em um sistema produtivo onde há captura de carbono pelas plantas (pastos) onde estão. Então, essa conceituação faz parte do debate que temos que fazer. Se estamos fazendo bem as coisas, temos que mostrar, temos que medir e temos que defender.
Haverá incentivos financeiros para agricultores comprometidos com a sustentabilidade? No Brasil, por exemplo, se fala em taxas de juros mais baixas para quem usar mais produtos biológicos. Qual sua opinião sobre isso?
Na Argentina não existe sistema financeiro. O único tomador de empréstimos na Argentina é o Estado, através de títulos do Tesouro, etc. O anúncio do presidente deve ser uma saída para essa situação. Isto garantirá que toda a poupança esteja disponível para o sistema produtivo. Portanto, aí está o primeiro passo. Há muitas linhas internacionais que apoiam justamente essas questões e vamos trabalhar para conseguir isso.
"Na Argentina não existe sistema financeiro. O único tomador de empréstimos na Argentina é o Estado"
No caso do Fundo Monetário Internacional, saiu agora, para a próxima administração o único saldo que podem dar por “empréstimo ponte" é um crédito de cerca de US$ 2 bilhões para economias verdes. Por isso eu digo que as situações estão começando a se conectar, de forma consistente, com o que queremos.
O fato de o Brasil ter agora um governo considerado mais à esquerda pode prejudicar essa relação com a Argentina?
Existe aí uma questão que precisa ser resolvida. Me parece que houve uma aproximação. Após algumas declarações do presidente, o futuro ministro das Relações Exteriores esteve no Brasil. Acho que temos que, como disse antes, encontrar os mecanismos de diálogo para sairmos juntos pelo mundo. Essa é a minha visão.
Está pensando em conversar com ministros do Brasil?
Já tenho falado. Tenho alguns contatos com pessoas do governo atual e do governo anterior. Estou convencido de que temos problemas comuns que devem ser resolvidos. O Brasil, para a Argentina, é um exemplo. Vocês cresceram muito fortemente na produção, na transformação de grãos, em carnes, etc.. Nós, que há algumas décadas estávamos acima do restante da América Latina na economia, na educação, perdemos posições com muita força e me parece que temos que avançar juntos, seguir em frente com as coisas.
No Brasil foi bastante comentada a declaração de Javier Milei de que poderia restringir as relações comerciais com países como a China, que é um dos maiores compradores de produtos agrícolas do mundo. Qual a sua opinião?
São problemas que serão corrigidos, vamos ver. Os confrontos entre Donald Trump e Xi Jinping foram maiores. No entanto, EUA e China têm o maior comércio global da história. E o que houve, no final das contas, foram acordos que intensificaram esse comércio, e não o contrário. Na Argentina, a China responde por 75% das exportações de carne bovina. Portanto, se for esse o caso, teremos que criar oportunidades para conversar.
Acredita então que algo deve mudar na relação com a China e com o Brasil?
Eu entendo que sim. O governo está se revelando pragmático e está fazendo as coisas que me parecem adequadas. Com certeza haverá esta abordagem aos seus principais destinos. O Brasil é um player muito importante no comércio da Argentina, assim como a China. O principal comprador de farelo de soja e milho da Argentina é o Vietnã. Então, bem, há certas questões que fazem parte desta estrutura e que precisam ser discutidas.
O que exatamente deveria mudar nesta relação com a China e com o Brasil?
Nós temos, ao contrário do Brasil, um déficit gigantesco na balança comercial, certo? Muito grande. Devo dizer que é insustentável. Então é aí que parte dos acordos que fazemos é parte da solução para a segurança alimentar deles. Esse deve ser o ponto de partida para uma negociação onde tudo seja mais simétrico, certo?
Poderia nos contar um pouco sobre sua história e a relação que já tinha com a agricultura?
No dia 1º de novembro me aposentei da Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires, onde passei toda a minha carreira. Foram 48 anos, desde que era aluno do primeiro ano da faculdade, me ofereceram para ser aluno assistente, fiz minha carreira acadêmica e fui reitor por 8 anos.
No final dos anos 90 eu criei o programa de Agronegócio da universidade e, nos últimos anos criei um programa de bioeconomia, onde incorporamos mais o meio ambiente e mais a sociedade nesse agronegócio, certo? Isso levou a um aumento no uso daquele conceito que hoje leva até ao nome da Secretaria.
Então, é um processo que foi pessoal, mas que também respondeu ao que estava acontecendo no mundo, e que começou na academia, mas sempre com uma inserção muito forte com o setor privado. Por meio de acordos, passando por diferentes visões, é isso que me faz ter uma visão desse importante do sistema no momento, com muito apoio. Vamos ver, espero que tudo corra bem para nós.
Qual será o seu principal objetivo nessa função de secretário e que legado pretende deixar quando terminar seu mandato?
Quero que a Argentina seja identificada como um país que faz parte da solução para a segurança alimentar global e fazer isso cuidando do meio ambiente.
Acredita que há potencial para ampliar a área plantada com grãos na Argentina? E a exportação, quanto poderia crescer?
Pode crescer bastante. Em área plantada, não é o caso do Brasil, onde você tem muito mais para crescer. Mas nós temos muito mais para agregar valor ao que estamos produzindo. Ou seja, exportamos 70% do milho em grãos. Também produzimos um grão que tem 60% menos pegada de carbono. Mas isso não transformamos em carne. Na soja, é mais de 90%. As proteínas animais são produzidas a partir do farelo de soja e de grãos. Somos exportadores de ração para animais. O que precisamos fazer é nos tornarmos exportadores diretos de alimentos para humanos, ou seja, transformar isso em proteínas, em diferentes tipos de produtos de maior valor.