Depois de anos de bonança e margens favoráveis ao produtor, a safra 2023/2024 vem sendo marcada pela queda nas vendas de defensivos agrícolas, mas no setor de biológicos o resultado está melhor que o ano passado, mantendo a tendência de crescimento destes produtos.

Amália Borsari, diretora de biológicos da CropLife Brasil, entidade que representa as indústrias de defensivos e sementes, disse que as vendas do segmento de bioinsumos também sofreram atraso, de cerca de dois meses, mas houve aumento de 30% no acumulado do ano até setembro, na comparação com o mesmo período de 2022.

“Diferente do que temos no mercado de agroquímicos, nós mantivemos um bom patamar de venda esse ano. Se considerarmos do início do ano pra cá, a média de crescimento, já observamos um incremento maior do que no ano passado”, afirmou Borsari, ao AgFeed, durante o Fórum Bioinsumos no Agro, realizado em São Paulo, nesta segunda-feira, na sede da Fiesp.

O evento foi organizado por diversas entidades do setor, como a CropLife, o Sindiveg e a Abisolo. “Se compararmos com outros mercados como o dos químicos, estamos num patamar melhor”, completou a executiva.

Borsari avaliou que o “boom” das vendas de biológicos deve acontecer a partir de agora, no período em que muitos produtores iniciaram a etapa de plantio em suas fazendas.

Ela atribui o atraso nas compras por uma postura dos produtores de esperar ao máximo para tomar a decisão, avaliando os melhores preços, e vê que os pedidos estão na fase de distribuição durante essa semana. “Vemos empresas dobrando de tamanho e dobrando o processo produtivo para atender a demanda”, comentou.

A CropLife representa as maiores indústrias do setor, reunindo 55 empresas que correspondem a 85% do mercado brasileiro.

Nos cálculos da entidade, o setor de biológicos no Brasil deve crescer 35% na comparação com a safra anterior até o fim do ano, movimentando um valor de R$ 4 bilhões.

Entre 2018 e 2022, o crescimento foi de 63%, bem acima do registrado no mercado internacional no período, que foi de 12,5%. Segundo Borsari, o crescimento deve ser exponencial pelo menos até 2030.

No aguardo da regulamentação

Durante o evento na Fiesp, as entidades discutiram a importância da regulamentação dos biológicos.O Projeto de Lei 3.668/2021 trata da produção e comercialização dos bioinsumos e, na visão da CropLife, pode trazer mais segurança ao setor.

Borsari destacou que a ideia é trazer uma avaliação diferente de fertilizantes e defensivos, já que os biológicos acabam muitas vezes tendo mais de uma funcionalidade, ficando numa zona cinzenta.

“Os biológicos podem ter efeito tanto na nutrição, como na promoção de crescimento e defesa vegetal. Brincamos e dizemos que não dá para chegar na bactéria e mandar ela agir na defesa ou só na nutrição”, disse a diretora.

A executiva destacou que “o mundo todo discute esse assunto, mas existe uma flexibilização maior na Europa e EUA. Aqui o assunto ainda é engessado: ou é fertilizante ou é defensivo". Borsari acredita que essa discussão no Congresso Nacional, "que está acelerada, vai dar segurança ao setor”.