O cenário negativo para o setor produtivo de alimentos - com queda de preços, principalmente da soja, redução de margens, aumento na produção e um crescimento menor da demanda - deve frear as expansão da fronteira agrícola brasileira via desmatamento, seja legal ou ilegal.
Por outro ponto de vista, o copo está meio cheio e há oportunidades para o aumento da produtividade e o uso de terras degradadas, na avaliação do chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti.
“A tendência é de redução de desmatamento no longo prazo, mas essa redução não pode ser atrelada apenas à demanda, tem de ser constante”, disse Spadotti.
Dados da Embrapa Territorial apontam que, da área total do Brasil, 66,3% são de vegetação protegida e preservada e outros 30,2% são utilizados pelo setor agropecuário - pastagens são 21,2%, agricultura e florestas plantadas outros 9%.
Mesmo com o freio conjuntural esperado para o desmatamento, Spadotti lembra que legalmente é possível abrir novas áreas para produção agrícola no País.
“Mas se for necessário abrir, tem de ser por precisão extrema. Temos de aumentar a produtividade de cada uma das culturas em áreas já utilizadas. Existe uma folga de produtividade entre os mais tecnificados na média do produtor brasileiro que precisa ser coberta”, disse,
Segundo o chefe-geral da Embrapa Territorial, o Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de pastagens com potencial para serem diversificados e, assim, ampliar a produtividade sem ampliar o desmatamento – seja pelo crescimento da própria produtividade nas pastagens, seja para o uso em lavouras, passando pela tecnificação extrema com a integração lavoura-pecuária-floresta.
“Isso já acontece na pecuária, por exemplo, com a área de pastagem caindo e o rebanho crescendo desde 1990”.
Outra forma de frear o desmatamento é viabilizar um mecanismo de pagamento para que o agricultor preserve o meio ambiente. Como o governo brasileiro não tem como pagar por isso, Spadotti avalia que a saída é a criação de um fundo internacional que valorize esse esforço do País e do produtor local.
Em entrevista ao AgFeed durante evento da Basf em Santo Antônio de Posse (SP), o gestor citou também o aumento das Parcerias Público-Privadas (PPPs) que a Embrapa Territorial tem feito para desvincular seu orçamento e depender menos dos recursos governamentais.
“Cada vez mais a Embrapa se aproxima das multinacionais para entender demandas e gerar tecnologias”.