O anúncio do Plano Safra representa “uma direção" para o mercado e deve trazer mais tranquilidade para as empresas no segundo semestre, avaliou o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão.

O dirigente aponta como o principal ponto positivo é o aumento no volume de recursos, tanto para as linhas de custeio, quanto para o investimento, que avançou 28% em relação à safra passada.

Para Estevão, outro destaque do plano foi o retomada do Pronamp investimento, que havia sido descontinuado no governo anterior. É uma linha destinada a financiar compra de máquinas e equipamentos para médios produtores.

"Antes o produtor que era atendido pelo Pronaf para compra de máquinas e pagava 6% de juros ao ano, ao crescer em faturamento, só conseguia acessar o Moderfrota, que tinha juro bem mais alto, de 12,5% ao ano", explica

Com o Pronamp é possível fazer uma mudança gradual. A linha anunciada hoje prevê juros de 10,5% a.a para produtores com até R$ 3 milhões de faturamento, para financiar máquinas de até R$ 600 mil.

O setor de máquinas agrícolas deve fechar o período entre janeiro e maio com queda nas vendas de cerca de 20%, segundo Pedro Estevão – números oficiais são divulgados por diferentes entidades, mas já vinham mostrando estes patamares até abril.

Um dos entraves no primeiro semestre foi a demora na liberação de recursos do plano safra 2022/2023, que precisava de dinheiro do Tesouro Nacional para a equalização.

Uma parte do problema foi resolvido com a liberação de R$ 200 milhões em maio, que permitiram a equalização de cerca de R$ 8,4 bilhões.

A expectativa agora é de maior fôlego para a indústria "à medida que o produtor estava esperando pelas regras do novo plano e poderá retomar os investimentos”, disse o dirigente.

"É claro que o volume não será suficiente para garantir toda a demanda até junho de 2024, mas pelo menos já diminuiu a pressão sobre o Moderfrota", ressaltou.

No anúncio do Plano Safra da Agricultura Familiar, marcado para esta quarta-feira, o setor também conta com um aumento importante no financiamento de máquinas, o que ajuda a diminuir a demanda pelos demais programas.

Neste cenário, ele acredita que os negócios sejam retomados, mas não em volume suficiente para trazer de volta o desempenho ao campo positivo. “Um ano com resultado igual ao passado ou que com queda de até 10% considero o mais provável”, prevê o diretor da Abimaq.