Se existe crise no setor de grãos, com preços mais baixos de commodities, este clima negativo não chegou na aviação agrícola esta semana.
Tradicionalmente realizado em Sertãozinho, no interior de São Paulo, este ano os organizadores do Congresso de Aviação Agrícola do Brasil levaram o evento para Mato Grosso, que é o maior produtor de grãos do Brasil.
Famoso por propriedades de grande extensão e alta tecnologia, Mato Grosso acaba utilizando maior frota de aeronaves agrícolas, o que refletiu no resultado das vendas.
Em entrevista ao AgFeed, Gabriel Colle, diretor executivo do Sindag, que representa as empresas de aviação agrícola, disse que nos 3 dias de evento em Cuiabá foram vendidos 11 aviões. O congresso terminou nesta quinta-feira.
O faturamento exclusivamente com a venda de aviões foi estimado em cerca de US$ 33 milhões, mais de R$ 184 milhões pela cotação atual, o que representa quase o dobro da comercialização do congresso do ano passado.
Já o volume de negócios total do evento é estimado em R$ 250 milhões, também acima dos R$ 120 milhões da edição passada.
Perguntado sobre qual seria o motivo para o entusiasmo dos produtores, apesar do momento de margens mais apertadas em Mato Grosso, Gabriel Colle respondeu: “o grande motivo é que o produtor rural está buscando competitividade e a forma aérea de aplicação (de defensivos químicos e biológicos) é a mais barata pela quantidade de área que consegue cobrir num curto espaço de tempo, a tecnologia faz com que ele gaste menos, por isso esse grande resultado”.
Os organizadores estimam que o público tenha sido de seis mil pessoas, 30% mais do que o registrado em Sertãozinho, onde o evento ocorreu nos últimos três anos.
“Para Mato Grosso, foi importante receber pela primeira vez um evento de grande porte que gera oportunidades de negócios e troca de informações relevante sobre o setor que tem diversas regulamentações. Os participantes puderam acompanhar tecnologia e inovação com drones e aeronaves de ponta. O evento serviu para esclarecer também diversos questionamentos que existem no setor", afirmou Nathan Souza, diretor do Aeroporto Executivo de Santo Antonio do Leverger, de Mato Grosso.
O executivo se refere às constantes críticas que a aviação recebe por parte de ambientalistas que já geraram, inclusive, a paralisação parcial das atividades em alguns estados.
As fazendas com maior número de aviões em Mato Grosso, segundo as entidades, estão no grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi, com 22 unidades. No Brasil também se destacam as fazendas Precisão (em Goiás, com 28 aviões), Serrana (em Mato Grosso do Sul, com 25) e Tangará, de São Paulo, com 22 aeronaves.
Empresários presentes no evento revelaram ao AgFeed que somente a Bom Futuro teria adquirido 5 aviões. Na região Centro-Oeste o faturamento das empresas no setor de aviação agrícola chega a R$ 200 milhões por ano.
Setor em crescimento
Os dados recentes do Sindag indicam que a frota aeroagrícola brasileira deve passar de 3 mil aviões e helicópteros operando em lavouras até 2027. O índice representa uma perspectiva de crescimento de quase 10%.
Hoje, a aviação agrícola brasileira conta 2,7 mil aeronaves, perdendo apenas para os Estados Unidos, que tem 3.400.
O estado de Mato Grosso fica em primeiro lugar, com quase 24% de toda a frota de aviões agrícolas. Em segundo está o Rio Grande do Sul, com 17% , seguido de São Paulo e Goiás com cerca de 12% cada.