Mais uma consultoria privada revisou para cima não apenas a produção, mas também a área cultivada com soja na safra 2023/2024.
Em relatório divulgado nesta sexta-feira, a Safras & Mercado prevê que a safra brasileira da oleaginosa atinja 151,5 milhões de toneladas. No mês passado a consultoria estimava em 148,6 milhões de toneladas o volume a ser colhido.
A projeção atual representa uma queda de 4,2% sobre a safra passada que, segundo os analistas, teria sido de 157,8 milhões de toneladas.
O ajuste nas previsões, para um cenário mais otimista, se deve ao avanço dos trabalhos de colheita em todo o País e ao registro de melhores produtividades, especialmente no Rio Grande do Sul.
"É possível vermos a maior safra da história do estado, que nessa temporada terá a segunda maior produção estadual do País", afirmou em nota, o analista e consultor da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
A agência indicou ainda um aumento de 2,1% na área plantada em relação ao ano passado, estimada em 45,62 milhões de hectares - o número traz cerca de 200 mil hectares a mais na comparação com o relatório de março.
Recentemente, a Agroconsult, informou que as imagens de satélites mostram que a área cultivada no País é maior do que se estimava inicialmente. A consultoria fala em 46,5 milhões de hectares cultivados, o que representa 1,2 milhão de hectares a mais do que prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O levantamento da Safras & Mercado aponta que a produtividade média deverá passar de 3.550 quilos por hectare para 3.332 quilos na atual safra.
Também há surpresas positivas na região Centro-Oeste, que foi a que mais sofreu com o tempo seco, em Mato Grosso, causando quebra significativa nas lavouras.
A consultoria informou que “houve um aumento da produtividade média esperada para o estado do Mato Grosso, onde as lavouras semeadas e colhidas mais tardiamente trouxeram resultados muito melhores que as semeadas precocemente, beneficiadas pela melhora climática registrada a partir de janeiro”.
Já em Mato Grosso do Sul, foi feito um ajuste negativo na produtividade média, com parte das lavouras trazendo resultados menores do que o esperado inicialmente.
A consultoria avaliou que, na região Sudeste, o destaque foi a redução do potencial produtivo do estado de São Paulo, com parte das lavouras também trazendo resultados inferiores ao esperado. "No Nordeste, o avanço dos trabalhos de colheita na Bahia revela que o potencial produtivo do estado é melhor do que esperávamos, havendo surpresa positiva nas produtividades", acrescentou Roque.
A projeção da consultoria para a soja está acima do que previu ontem a Conab, que estimou em 146,5 milhões de toneladas esta safra. Por outro lado, também nesta quinta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve sua estimativa de que o Brasil produza 155 milhões de toneladas no ciclo 2023/2024, o que vem mantendo as cotações da soja abaixo de US$ 12 por bushel.
Um boletim semanal divulgado nesta sexta-feira por outra consultoria, a Pátria Agronegócios, indica que até agora 85,13% das lavouras de soja no País já foram colhidas, ritmo que fica dois pontos percentuais abaixo da média dos últimos anos. Em Mato Grosso os trabalhos foram praticamente finalizados e no Rio Grande do Sul estão em39,8%.
Leve melhora no milho
A Safras & Mercado também divulgou sua projeção para as safras de milho no Brasil. A produção total agora é estimada em 126,1milhões de toneladas em 2023/24.
O volume fica levemente acima das 125,862 milhões de toneladas indicadas em fevereiro pela consultoria, mas bem abaixo das 140,057 milhões de toneladas colhidas na safra 2022/23.
O consultor Paulo Molinari está relacionado à melhora na estimativa da produção nas regiões Norte e Nordeste.
A área total de milho deverá ocupar 20,8 milhões de hectares em 2023/24, com queda de 6,3% em relação à safra anterior. Em fevereiro a área havia sido estimada em 20,9 milhões de hectares.
A consultoria manteve a projeção para a primeira safra de milho (verão), de 25,6 milhões de toneladas. O número supera as 24,817 milhões de toneladas de milho obtidas na temporada 2022/23.
A produtividade média da safra de verão 2023/24 deve atingir 6.443 quilos por hectare, sem mudanças frente à estimativa anterior, superando o rendimento registrado na temporada 2022/23, de 5.926 quilos por hectare.
Para a segunda safra de milho ou safrinha, que é a maior do País, a consultoria fez um corte na estimativa de produção.
A produção é estimada em 86,6milhões de toneladas, abaixo das 87 milhões de toneladas previstas em fevereiro e também inferior ao recorde registrado em 2023, de 99 milhões de toneladas.
Molinari explicou que houve uma expectativa de redução na produção de milho nos estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul, por conta das chuvas irregulares.
“Essa queda acabou sendo em parte compensada pelas melhores condições de clima em estados como Goiás e Mato Grosso, contribuindo para uma expectativa de elevação dos números de produção nestes estados”, diz a nota.
Por outro lado, o consultor da Safras & Mercado destaca que houve melhora na estimativa de produção de milho nas regiões Norte e Nordeste, que poderá atingir 13,9 milhões de toneladas.
O número supera as 13,3 milhões de toneladas indicadas no levantamento anterior, mas segue abaixo das 16,141 milhões de toneladas colhidas na safra 2022/23.