Na primeira estimativa oficial da safra que acabou de começar, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou um aumento de área cultivada em todas as principais culturas na temporada 2024/2025.
O órgão estima uma uma produção de 326,9 milhões de toneladas de grãos e 46,1 milhões de toneladas de proteína animal, contando as produções de aves, bovinos e suínos.
Se a projeção se concretizar, o Brasil terá uma produção recorde nas carnes e também na produção de grãos. O incremento na área total de cultivos é estimado em 2,1%, com 81,4 milhões de hectares entre as culturas do algodão, arroz, feijão, milho e soja.
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 17 de setembro, o superintendente de gestão da oferta da Conab, Wellington Teixeira, afirmou que, se o clima for dentro da normalidade projetada pela instituição, a produtividade total do Brasil deve subir cerca de 6% na safra, numa média de 4 toneladas por hectare.
A produção total estimada de 236,9 milhões de toneladas nos grãos, além de recorde, mostra uma alta de 8% frente a safra 2023/2024. “Será uma safra cheia, robusta e capaz de assegurar abastecimento interno e continuidade das exportações”, afirmou Teixeira.
Pela primeira vez, o evento Perspectivas para a Agropecuária Safra 2024/25, foi feito em conjunto com o Banco do Brasil. A companhia revelou que a partir de agora, todos os levantamentos serão feitos em parceria com o banco estatal.
Na área de grãos e cereais, a Conab destacou que o cultivo do arroz e do feijão devem apresentar uma retomada de área cultivada nesta temporada.
No primeiro, a Conab projeta uma alta de 11,1% na área destinada para o grão frente ao cultivado na safra passada, atingindo 1,7 milhão de hectares e uma produção que deve ficar em 12,1 milhões de toneladas, próximo da produção da safra 2017/18.
“Os preços e a rentabilidade da cultura encontram-se em um dos melhores patamares históricos para o produtor”, destaca a Conab.
De acordo com o gerente de produtos agropecuários da Conab, Sérgio Santos, entre 2013 e 2023, a soja tomou conta das plantações de arroz, e a área plantada do grão recuou 33% neste intervalo.
Contudo, com a recuperação de preço, alguns agricultores têm retomado o cultivo do arroz. “Preços atrativos, somados a uma boa rentabilidade, têm atraído produtores a voltar a plantar arroz”, afirmou Santos.
Segundo a estatal, a perspectiva de maior disponibilidade interna do grão, aliada à demanda aquecida do mercado internacional pelo arroz brasileiro e à projeção de arrefecimento dos preços internos, abre espaço para um possível aumento das exportações do produto, que podem chegar a 2 milhões de toneladas.
Já o feijão deve ter um incremento de 1,2% na área cultivada, atingindo 2,89 milhões de hectares. A produtividade das lavouras, contudo, tende a apresentar ligeira queda, e a colheita da leguminosa deverá ser próxima a 3,28 milhões de toneladas, a maior desde 2016/2017.
Soja, milho e algodão
Na soja, principal cultura brasileira, a safra 2024/2025 deve atingir 166,28 milhões de toneladas, alta de 12,82% ante o ciclo anterior.
Segundo a Conab, uma combinação de maior área plantada e melhor produtividade deve impulsionar o cultivo da oleaginosa. A área plantada com soja no Brasil pode atingir 47,4 milhões de hectares, avanço de 2,9% frente à temporada anterior.
“Notamos um novo incremento de área, mas num ritmo menor. Consideramos uma produtividade avançando 9,5% dentro de um cenário de La Niña moderada”, afirmou Santos.
Do total produzido, o Brasil atingirá as 100 milhões de toneladas exportadas, consolidando o País ainda mais como o maior vendedor da oleaginosa no mundo. Nos cálculos da Conab, os Estados Unidos, segundo no ranking, devem exportar 50 milhões de toneladas, metade do patamar nacional.
Sérgio Santos, da Conab, destaca que o esmagamento deve subir 8% e atingir 56 milhões de toneladas. O avanço está ligado, segundo o diretor, ao aumento do percentual de biodiesel no diesel, além de uma demanda aquecida na exportação de óleo e farelo.
A produtividade tende a apresentar recuperação, após problemas climáticos vistos nos principais estados produtores da oleaginosa. Segundo a Conab, a soja continua a ser uma “cultura lucrativa e com alta liquidez”.
No milho, depois de uma safra 2023/2024 marcada por uma retração na rentabilidade e atrasos no plantio por conta dos problemas com a soja na primeira safra, o cenário é de manutenção de área, em 21 milhões de hectares.
Apesar disso, a produtividade deve apresentar recuperação e avançar 3,4%, o que contribui para uma expectativa de alta na produção, estimada em 119,8 milhões de toneladas.
As exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025, queda de 5,6%, se comparada com as vendas da safra 2023/2024.
Isso se deve a um mercado interno aquecido por conta da demanda do setor pecuarista e das indústrias de etanol de milho.
A Conab projeta uma demanda interna de 87 milhões de toneladas, avanço de 3,3% na comparação entre temporadas. A demanda do milho para usinas do biocombustível deve crescer 17,3% nesta safra.
“Estimamos que o preço e a rentabilidade fiquem entre R$ 38 e R$ 48, com o segundo semestre num patamar mais próximo ao segundo valor”, afirmou Santos.
No algodão, a perspectiva é de um incremento de 3,2% na área, atingindo os 2 milhões de hectares de cultivo. A produtividade deve recuar 2,1% com a La Niña, mesmo moderada.
A Conab considera o patamar ainda dentro de uma média. A expectativa é de uma colheita de 3,68 milhões de toneladas na pluma. Na região do Matopiba é onde se espera o maior crescimento em termos proporcionais.
“Os produtores têm investido na fibra, uma vez que o produto apresenta boa rentabilidade em relação a outros grãos, grande facilidade de comercialização antecipada e excelente competitividade em termos de preço e de qualidade da pluma brasileira no mercado internacional”, disse a Conab, em relatório oficial.
O órgão ainda espera um novo incremento das exportações, que devem atingir 2,9 milhões de toneladas na nova safra, alta de 1,1%.