O Brasil está barato. E, nem por isso, atrativo aos investidores, segundo relatório distribuído nesta segunda-feira, 17 de junho, pelo Bank of America (BofA), em que analisa os principais papeis ligados ao agronegócio e a indústrias de alimentos e bebidas na América Latina.
Segundo os analistas do banco, depois de uma série de encontros realizados na semana passada com investidores, a visão predominante entre eles é de que a incerteza em torno do cenário macroeconômico no Brasil é uma das razões que tem tirado o apetite em torno de papeis de empresas brasileiras.
Várias das empresas avaliadas estão, segundo o BofA, com suas ações sendo negociados a preços atrativos, principalmente depois que algumas delas tiveram seus ratings rebaixados nos últimos meses.
E, embora alguns investidores mais focados em mercados emergentes tenham aproveitado para aumentar suas apostas por aqui, a maioria deles tem mantido uma “posição defensiva” em relação ao País, concentrando seus recursos em segmentos como bancos.
Além do “cenário macro desafiador”, as ações de empresas do agro, que estiveram no centro das conversas dos analistas do banco com os investidores, sofrem com o receio deles em relação à evolução dos preços de grãos e também do açúcar e etanol. Também a área de proteínas não entusiasma possíveis aportes.
No relatório, em que indicam suas posições para 26 diferentes papeis de companhias latino-americanas, eles destacaram o maior interesse de seus interlocutores com JBS e Ambev. As duas empresas, segundo o BofA, são vistas entre as que oferecem maior atratividade no momento.
Para a JBS, que recebeu recomendação de compra dos analistas, a avaliação é de que a empresa vive um bom momento para retornos nos investimentos, com boa parte das suas receitas provenientes do exterior.
Já em relação à Ambev, foi ressaltada a boa execução do portfólio da companhia nos últimos cinco anos, que agradou aos investidores, e o fato de seu valor de mercado hoje estar proporcionalmente abaixo de outras empresas do mesmo segmento, o que sugere potencial de valorização.
Além delas, o relatório destaca a BRF, que apresenta uma valorização atraente de 33% no ano. Com isso, eles acreditam que, apesar do resultado sólido, pode ter perdido a atratividade em relação a mais ganhos nos próximos meses. Com isso, o BofA recomenda posição neutra para o papel.
Na relação do banco, aparecem com indicação de “buy” entre as companhias brasileiras, além de Ambev e JBS, Cosan, 3tentos, Marfrig, Adecoagro e Raízen. Na lista das neutras, estão BRF, SLC, São Martinho e M. Dias Branco.
Minerva e Camil alimentos são as duas brasileiras analisadas pelo BofA como “underperfom”, ou seja, com expectativa de desempenho abaixo da média de mercado.