Os produtos da agropecuária brasileira foram exportados a preços mais baixos em 2023, mas ainda assim, com aumento significativo no volume embarcado, o setor trouxe um total de US$ 81,5 bilhões para o País, alta de 9% em relação ao ano anterior.

Os números divulgados hoje pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que as exportações da agropecuária representaram 24% do total vendido no exterior pelo Brasil em 2023. A fatia é maior que no ano anterior, quando em receita o setor respondeu por 22,4% das exportações totais.

O preço médio por tonelada ficou 10,3% mais baixo na comparação com 2022. Mas o volume exportado avançou 23,4%, o que garantiu o crescimento na receita.

O saldo da balança comercial brasileira como um todo - a diferença entre o que o País exportou e importou - ficou em US$ 98,84 bilhões em 2023, um valor recorde. Para 2024, o governo projeta que o saldo siga positivo, porém um pouco menor, em US$ 94,4 bilhões.

O destaque da agricultura mais uma vez foi a soja, que totalizou US$ 53,2 bilhões, alta de 14,4%. O Mdic não informou o volume total de soja exportado de janeiro a dezembro, mas dados divulgados hoje pela Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) indicam que o total ultrapassou 101 milhões de toneladas da oleaginosa.

Segundo dados do governo, o volume de soja exportado no ano aumentou 29,4%, o que ajudou a compensar a queda nos preços da commodity, que foi de 11,6%.

As exportações de milho atingiram US$ 13,6 bilhões, avançando 11,8% em receita em relação ao ano anterior, apesar dos preços, que também forma mais baixos (queda de 13,6%). Pelos dados da Anec, o Brasil fechou o ano com a exportação de 55,7 milhões de toneladas de milho, ante 44,7 milhões de toneladas em 2022.

Para a soja e milho, os valores representam novos recordes. Em entrevista recente ao AgFeed, o diretor da Anec Sergio Mendes ressaltou que é a primeira vez na história que os dois produtos batem recordes de embarques no mesmo ano.

Eventuais diferenças entre números do Mdic e da Anec se devem à metodologia – o primeiro utiliza registros em documentos e o segundo considera os dados dos navios (lineup) – mas depois, ao longo do tempo, ambos acabam convergindo.

Para 2024, analistas têm destacado que dificilmente o Brasil repetirá os recordes na soja e poderá exportar menos milho, em função da queda na área plantada e dos problemas climáticos.

O café não torrado apresentou números negativos na exportação em 2023. Houve queda no volume embarcado, no preço médio e na receita total, segundo o Mdic.

O governo também apresenta produtos do agro no grupo chamado de “indústria da transformação”. O item “açúcares e melaços" atingiu US$ 15,7 bilhões em exportações, avanço de quase 43% em relação a 2022. O preço subiu 24% e o volume embarcado teve alta de 15%.

Na carne de aves, segundo o Mdic, apesar 8,4% mais em volume, o crescimento em receita foi mais tímido, de 0,9%, com US $ 8,97 bilhões em exportações, devido à queda no preço, de 6,9%.

Para a carne bovina, 2023 também não foi um bom ano. As exportações do produto geraram uma receita de US$ 9,8 bilhões, queda de quase 20%, em função no mesmo recuo nos preços.