O pacote anunciado nesta sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mais uma edição do chamado PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, prevê R$1,7 trilhão em investimentos, sendo R$ 371 bilhões de recursos públicos e o restante vindo do setor privado.

O agronegócio aguardava com ansiedade o anúncio de hoje porque, com a super safra de 320 milhões de toneladas, cada vez mais o gargalo logístico, com a estrutura de portos, estradas, ferrovias e armazéns, são fatores limitantes para o crescimento do setor.

Logo após a cerimônia, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, divulgou nota destacando que "pela primeira vez, o PAC, de forma direta, contemplava a agropecuária brasileira".

Um dos destaques, segundo ele, é a retomada dos investimentos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Estão previstos novos centros de pesquisa agropecuária, além de recursos para todas as unidades já existentes, com foco na compra de equipamentos e infraestrutura.

O segundo ponto destacado por Fávaro "é a participação direta do Mapa no PAC com um programa de recuperação e ampliação das estradas vicinais que poderá atender mais de 11 mil km nas cinco regiões do Brasil". As áreas a serem beneficiadas levam em consideração o Índice de Vulnerabilidade de Transporte (IVT) e a alta produção agrícola das microrregiões, segundo o comunicado.

Em conversa com o AgFeed, o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim, disse que, em uma primeira análise, os recursos destinados à agropecuária parecem desproporcionais a importância do setor.

"Tivemos a informação de investimentos de R$ 1 bilhão, mas se considerarmos que o PAC é de R$ 1,7 trilhão, seria menos de 0,1%. Ainda estamos tentando entender os detalhes do plano e o que está previsto em cada ministério”, afirmou o parlamentar.

Arnaldo Jardim disse que é importante “saudar” a iniciativa de investir nas unidades da Embrapa em todo o país.

Por outro lado, criticou um projeto de estradas vicinais "federal”, afirmando que são questões locais, que precisam ser operacionalizadas pelos municípios, principalmente.

"Preferia ter ouvido mais informações sobre investimentos em portos e hidrovias, por exemplo”, acrescentou.

De qualquer forma, o vice-presidente da FPA afirma que é cedo para avaliar os impactos para o agro como um todo, porque diversas ações estão previstas em diferentes ministérios, o que agora precisará ser detalhado.

A ponderação de Jardim faz sentido porque, no anúncio de hoje, foram apresentados apenas os "eixos” principais dos investimentos, com o volume financeiro previsto para cada um deles.

No eixo chamado de "transporte eficiente e sustentável", por exemplo, estão previstos R$ 185,8 bilhões para rodovias, R$ 94,2 bilhões para ferrovias e R$ 4,1 bilhões para hidrovias.

É possível também que o eixo ligado a inclusão digital e conectividade apresente investimentos que contemplem a ampliação do acesso a internet na zona rural.

O AgFeed procurou a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e outras lideranças do agronegócio, mas por enquanto não houve manifestação sobre o PAC.

Investimentos na Embrapa

Após o anúncio do PAC, a Embrapa divulgou nota com um detalhamento da abrangência do plano em relação à empresa.

O texto diz que "todos os centros de pesquisa receberão recursos, que serão distribuídos de 2023 a 2026".

Segundo a nota, a pesquisa agropecuária nacional receberá quase R$ 1 bilhão em investimentos neste período. A Embrapa terá quase R$ 850 milhões em investimentos estratégicos para aumentar a competitividade científica do agro brasileiro, e outros R$ 145 milhões irão para o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).

De acordo com a diretora-executiva de Pessoas, Serviços e Finanças, Selma Beltrão, este é o maior volume de investimentos que a Embrapa já recebeu e "o montante não inclui custeio e despesas obrigatórias".

Os investimentos serão destinados a obras, construções, instalações e aquisição de equipamentos e materiais permanentes, que são incorporados ao patrimônio da instituição, de acordo com o comunicado.

A Embrapa também informa que "a distribuição de recursos entre as 43 unidades buscou conciliar as demandas mais urgentes da empresa e as prioridades do Governo Federal, como o foco nas regiões Norte e Nordeste e a conclusão de obras iniciadas ou decorrentes do PAC 2008-2010".