O Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) divulgou na tarde desta segunda-feira 5 nota confirmando que o vírus da influenza aviária H5N1, causadora da doença conhecida como gripe aviária, foi detectado em duas aves silvestres no litoral do Espírito Santo.

O comunicado informa que a notificação o caso suspeito foi recebida no último dia 10 de maio e feita pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Cariacica, no Espírito Santo.

Foram resgatadas duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando), uma localizada no município de Marataízes e outra no bairro Jardim Camburi, em Vitória, ambas no litoral do Espírito Santo.

O Ministério da Agricultura destacou que a notificação da infecção pelo vírus da IAAP em aves silvestres não afeta a condição do Brasil como país livre da doença, por isso acredita que os demais países membros da Organização Mundial de Saúde Animal não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de alerta de emergência para aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial para intensificar a fiscalização e proteger a cadeia produtiva.

Segundo o comunicado, a depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas pelo Mapa e pelos órgãos estaduais de sanidade agropecuária para evitar a disseminação da gripe aviária e proteger a avicultura nacional.

Indústria exportadora

Mesmo com a ressalva do Mapa, o temor de que algumas restrições possam vir a ser impostas pode ter refletido nas ações das empresas brasileiras do setor. Os papéis da BRF, por exemplo, que subiam 3% no começo da tarde, passaram a cair cerca de 4% após o comunicado.

"A queda das ações da BRF pode estar ligada à notícia, pois já vimos um auto embargo na carne bovina recentemente por conta de um caso de vaca louca”, disse ao AgFeed João Abdouni, analista da Levante Corp. “Isso poderia se repetir, apesar da expectativa de que não haja embargo nas aves brasileiras".

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de aves e monitora faz tempo a disseminação do vírus em diferentes países, especialmente em territórios mais próximos.

Após a confirmação do Mapa, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou um posicionamento reiterando que "a entidade e todo o setor produtivo, juntamente com a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) seguem mobilizados para o monitoramento da situação identificada no Espírito Santo, por meio do comitê de crise denominado Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária (GEPIA)".

Em comunicado, a entidade diz que é importante reiterar que a situação foi registrada em duas aves marinhas migratórias, e não ocorreu dentro do sistema industrial brasileiro, que segue os mais rígidos protocolos de biosseguridade. Por isso, não há qualquer mudança em relação ao abastecimento interno de produtos.

A ABPA afirmou ainda que não são esperadas mudanças no fluxo de comércio internacional de produtos brasileiros, tendo como princípio as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Por fim, a ABPA ressalta que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.