A mistura de perfis é interessante. O analista de sistemas Vinicius Marson ajudou a criar a Singu, marketplace que foi comprado pela Natura. E agora é co-fundador da Nomos, startup que reuniu a expertise da Arko Advice, tradicional empresa de inteligência e análise política, com o investimento inicial do Traders Club (TC), companhia de capital aberto especializada em informações e análises financeiras.
A origem do termo Nomos, que vem do grego, está relacionada a regras e leis que ditam o comportamento político e social. E é justamente o ambiente legal para se fazer negócios o maior foco dos produtos que a startup está lançando no mercado.
O principal deles chamado Nomos monitoramento é uma plataforma que reúne dados da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do poder executivo.
Recentemente, incluiu também as informações das assembleias legislativas de São Paulo e Minas Gerais, oferecendo tudo o que já foi aprovado, rejeitado ou que ainda está tramitando, em detalhes.
"A ideia de criar a Nomos surgiu na época que o TC estava interessado em comprar uma parte da Arko Advice, empresa de consultoria política que já tem 40 anos de atuação no mercado, justamente pela influência que esta questão regulatória costuma ter na área de investimentos", conta o CEO Vinicius Marson.
Ele diz que o grupo decidiu por criar uma empresa de tecnologia para oferecer este monitoramento de risco regulatório.
“É algo que a Arko fazia manualmente, com um time de analistas acessando as informações da Câmara e do Senado, para conseguir levantar os riscos às empresas que contratam os seus serviços", diz.
O aporte do TC foi de R$ 5 milhões, montante que, segundo Marson, foi suficiente para no último ano construir a plataforma e fazer a coleta de dados. E seguirá financiando a fase inicial de operações, à medida que cresce o número de assinantes, o que vai gerar a receita da startup.
"O objetivo é facilitar o dia a dia do profissional de relações governamentais, nas empresas maiores, quanto dar suporte para as médias, democratizando as informações, nos casos em que é muito caro construir um time só para cuidar disso”, afirma.
A busca na plataforma é feita por palavra-chave, mas também estão sendo criados painéis setoriais, sendo que um deles será voltado ao agronegócio, inspirado nas interfaces que clientes da Arko Advice que pertencem ao setor já estariam utilizando.
Em tempos de discussão de reforma tributária, por exemplo, segundo Marson, analisar o impacto em cada um dos segmentos é um desafio cada vez maior, inclusive para o agro.
"Mas os reflexos diretos para as empresas podem vir de taxações ou até quando uma pequena cidade decide proibir uso de canudo de plástico", lembra o sócio da Nomos.
O segundo produto é a parte de "insights", que cruza não apenas banco de dados mas até informações de redes sociais de políticos, e fornece alguns alertas ao cliente, indicando, por exemplo, qual seria o stakeholder que está acompanhando mais de perto determinado tema, para definir com quem é preciso estreitar relações.
Marson disse que a assinatura está sendo vendida por R$ 4,5 mil por mês e, com isso, pretendem chegar ao breakeven em 2024.
Sobre a necessidade de captar mais recursos, o CEO da Nomos diz que a empresa "não é uma startup unicórnio e sim uma startup camelo", e logo explica o que quer dizer com isso.
"Unicórnio é aquele perfil de sair crescendo adoidado em busca de investimentos, não é nosso caso, queremos um crescimento saudável, já que temos um produto B2B que nasce de parceiros que já tem um grupo de clientes muito fortes, por isso somos um ‘camelinho’", brinca.
O próximo passo é seguir expandindo as bases de dados estaduais e atingir também as municipais, além de monitorar informações de órgãos como Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas.
"Um segundo passo será usar inteligência artificial para fazer este detalhamento dos riscos regulatórios, algo que já está sendo feito fora do Brasil, em acordos que envolvem o ChatGPT”, diz Marson.