A Stanford University, que fica localizada na Califórnia, nos Estados Unidos, é constantemente colocada entre as cinco melhores universidades do mundo pelas entidades que avaliam o ensino superior global.

Já Dubai, nos Emirados Árabes, é uma das capitais financeiras do mundo, e com certeza um dos locais mais importantes do Oriente Médio.

A junção desses dois ambientes está na formação de Ilia Shkabara, CEO da Harbot FZCO, startup que desenvolve sistemas de piloto automático baseados em Inteligência Artificial para máquinas agrícolas.

A empresa é resultado de um programa de aceleração de startups de Stanford, onde Shkabara estudou. Em 2020, contou com a ajuda do italiano Andre Del Giudice, que mora no Brasil e é CEO da Acrom, empresa de insumos agrícolas fabricante de produtos da marca Gliforte, entre outros.

“Nosso primeiro protótipo ficou pronto em 2022, e escolhemos o Brasil para realizar os testes. Além de ser uma potência agrícola, é um país muito aberto a novas tecnologias, e onde podemos desenvolver nosso potencial”, diz Shkabara.

No momento, ele está em negociação com duas empresas para formar parcerias que vão viabilizar e manufaturar o sistema Harbot Agro Pilot no Brasil. A empresa não terá uma unidade própria, entrando com o suporte tecnológico para a fabricação.

“Vamos à Agrishow deste ano para demonstrar o produto. Estaremos nos estandes dos nossos parceiros, que estarão fechados conosco antes do evento”, revela o CEO.

O CEO diz que o sistema da Harbot já é compatível com máquinas de grandes montadoras, como John Deere, Case e Massey Ferguson, por exemplo. Com isso, a startup planeja atingir até um quinto do mercado brasileiro em pouco tempo.

“No primeiro ano, acredito que teremos uma atuação para consolidar o sistema e a estrutura de vendas. A partir daí, vejo muito potencial de crescimento”, diz o executivo.

Atualmente, a Harbot tem um pequeno escritório em São Paulo, com dois engenheiros e um especialista em vendas. Mas os planos mais imediatos da empresa incluem entrar nos maiores mercados do agronegócio brasileiro.

“Nós teremos entre 10 e 12 representantes de vendas no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, no primeiro momento. E acreditamos que vamos ter oportunidades para expandir ainda mais”, afirma Shkabara.

O executivo afirma que a Harbot está em conversas também com a AgTech Garage, programa da PwC voltado para o desenvolvimento de startups no Brasil.

“Nós já coletamos muitos dados sobre a cultura de cana-de-açúcar, e já estamos muito preparados para atuar nessa cultura, que sabemos ser muito relevante no  Brasil. Mas já estamos trabalhando para atuar com outras lavouras, inclusive com café”.

Segundo o executivo, o sistema de Inteligência Artificial da Harbot diminui ou até acaba com a dependência que as máquinas agrícolas têm atualmente da navegação via GPS.

A Harbot sustenta que o piloto automático com IA é capaz de operar de forma autônoma, e evita problemas associados ao posicionamento impreciso do GPS.

Além disso, o sistema não requer a instalação de estações de rádio-base, o que pode proporcionar ao produtor uma economia de R$ 7,3 mil por máquina, já que toda a estrutura de GPS demanda pagamento de assinatura.

Apesar de ter desenvolvido o protótipo no Brasil, a Harbot já oferece o serviço de piloto automático via IA em outros países, como Estados Unidos, Canadá e África do Sul.

Baseado na experiência adquirida nesses locais, Shkabara lista uma série de argumentos financeiros para defender o uso do seu sistema.

“O produtor reduz o tempo de colheita em até 25%, e as perdas em até 13%. No consumo de combustível, há uma queda de até 5%. O operador da máquina tem sua produtividade elevada em até 25%”, conta o executivo.

Ele revela ainda que o piloto automático da Harbot evita colisões com outros veículos, árvores ou estruturas, com uma eficiência de 100%. O sistema consegue inclusive utilizar o farol da colheitadeira para trabalhar à noite.

“Nós tentamos entrar no mercado europeu com essa tecnologia, mas a burocracia lá é muito grande. Exigem dois anos de testes antes da comercialização. Aqui, encontramos um ambiente muito favorável”, diz Shkabara.