Prestes a completar 50 anos de vida e presença em 100 países, a empresa americana Hygiena, que atua com segurança alimentar e testes microbiológicos para indicadores, patógenos, micotoxinas e alergênicos, acaba de desembarcar oficialmente no Brasil.

A empresa já possuía alguns distribuidores regionais, mas agora colocou os dois pés no país, com um objetivo de buscar ser líder do mercado de diagnóstico em segurança alimentar, saúde animal e monitoramento ambiental, que, estima, pode valer US$ 500 milhões.

A atuação da empresa foi explicada para parceiros e empresários num evento realizado em São Paulo nesta quinta (24). Conforme disse Amanda Manolis, vice-presidente global de Marketing da Hygiena, aoAgFeed, durante esse evento, a companhia atua na chamada filosofia conhecida como “da fazenda até o garfo” (farm to fork, na sigla em inglês).

Para tal, a Hygiena possui diversos produtos tecnológicos que atestam a qualidade dos alimentos, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos.

Desde o grão, passando pelo ciclo de vida de um animal, o processamento da carne, a industrialização do produto, a embalagem e até a refeição final de um consumidor, em cada etapa do processo algum produto da empresa pode ser utilizado, garante Manolis.

Um dos carro-chefe da Hygiena é o Ensure Touch. O aparelho, visualmente, lembra um celular, mas funciona como uma espécie de laboratório portátil. Na parte superior, há um receptáculo onde pode ser encaixado um swab, haste flexível semelhante a um cotonete.

O swab é usado para coleta de amostras do material a ser analisado, seja uma superfície por onde passa um alimento em seu processamento pela indústria, seja um tecido vivo de algum animal ou de um determinado líquido. Após inserido no Ensure Touch, uma análise gerará informações que podem ser vistas na tela do dispositivo em poucos segundos.

Segundo a empresa, o aparelho pode coletar dados de vários dispositivos de teste de indicadores de qualidade, como ATP em superfícies e água, microrganismos indicadores, alergênicos, atividade enzimática e resíduos em superfícies.

A empresa também possui outros produtos que podem detectar doenças, bactérias e microorganismos em qualquer tipo de alimento ou bebida, como os leites e sucos que passam pelo processo chamado UHT (sigla para ultra high temperature, ou temperatura ultra alta).

Nesse processo, um alimento é esterilizado por um aquecimento muito grande e um resfriamento logo na sequência.

É com essa tecnologia própria da Hygiena que a empresa espera se tornar líder do mercado brasileiro de segurança alimentar em um prazo de cinco anos.

Por aqui, a empresa terá, além de laboratórios de aplicação, mais de 384 metros quadrados de volume de câmara fria para armazenamento e distribuição dos seus produtos.

Leonardo Teixeira, gerente de negócios da unidade brasileira da Hygiena, considera que esse laboratório de aplicação é um dos diferenciais da atuação da empresa por aqui.

Nesse tipo de local, que é uma “instalação de alto nível tecnológico”, nas palavras do executivo, a Hygiena pode receber produtores com suas amostras, mostrar seus produtos e diminuir uma logística que, por vezes, exigia transporte internacional.

“Podemos estar mais perto dos projetos e não precisamos mandar amostras para fora”, diz.

A empresa também terá uma equipe espalhada pelo Brasil para ficar mais próxima aos produtores clientes. Essa equipe responderá de forma remota ao escritório paulista.

Além disso, atuará com espaços para treinamento de clientes ou fornecedores e, também, a realização de eventos com especialistas no sentido de reforçar o relacionamento com os clientes.

De acordo com Amanda Manolis, o foco principal da Hygiena no Brasil será nos segmentos de maior valor agregado e a indústria alimentícia no geral.

Além disso, atuará fortemente nos principais mercados de proteínas - aves, carne, porco, derivados de leite e também produtos já prontos para consumo. O mercado de rações e de grãos, bem como o de bebidas contarão com a presença da Hygiena.

“Nossa motivação é estar aqui de forma próxima para dar mais suporte aos clientes, de forma mais individual. Temos um portfólio grande e continuamos a expandir organicamente e inorganicamente”, afirmou a vice-presidente global de marketing da empresa.

Leonardo Teixeira afirmou que todo o portfólio da empresa estará disponível aqu e que, como a companhia é a criadora das tecnologias, pode dar uma assistência técnica mais precisa para os produtores.

A empresa tem como premissa para buscar o nosso mercado um estudo da OMS, que disse que a cada ano, 550 milhões de pessoas adoecem e 230 mil pessoas morrem devido a ingestão de alimentos contaminados.

No Brasil, de acordo com a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, de 2012 a 2021 foram registrados 6.347 surtos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA).

Como o país também é um grande exportador de comida e grãos, a Hygiena acredita que pode melhorar esse cenário. “Temos um time operacional, administrativo e logístico com tudo que precisamos para tocar o negócio aqui”, afirmou Teixeira.

A empresa ainda não terá uma fábrica tecnológica aqui, mas Amanda Manolis disse que a criação dessa instalação está no radar. “Todo nosso portfólio todo está disponível aqui, e também podemos pensar em desenvolver novos produtos, se houver demanda”, disse a executiva.