Uma das principais tendências da tecnologia no agronegócio acaba de receber mais uma aposta de investidores. O foco é a agtech paulista B4A, especializada na análise genômica de solo, que identifica com precisão a diversidade miocrobiológica dos terrenos.
A startup encerrou uma rodada de investimentos captando R$ 3 milhões de um grupo composto por três fundos de venture capital com portfólios relevantes dentro e fora do agro.
O aporte foi liderado pela Rural Ventures e teve também a participação da Bossa Invest e da Setter Tech. E, segundo Leonardo Gomes, CEO da B4A, deve ser utilizado para impulsionar a estratégia de acesso ao mercado da companhia.
“Com esse recurso, vamos ampliar a presença de nossas tecnologias em regiões que a gente entende que são muito importantes, como, por exemplo, o Cerrado”, afirmou Gomes ao AgFeed.
“Nós já desenvolvemos as nossas tecnologias, elas já estão prontas e temos mais de 300 clientes utilizando há pelo menos três anos. Ou seja, já estão testadas, funcionando bem, então o que a gente precisa agora é investir mesmo em uma forma de fazê-la chegar no produtor, no agrônomo”.
A rodada atual é do tipo Seed e, antes dela, a empresa havia se financiado com aportes dos fundadores e de dois investidores anjo.
Nos primeiros anos, a B4A se dedicou a desenvolver e aperfeiçoar sua tecnologia de análise com base nas informações de DNA para oferecer uma leitura mais precisa dos microorganismos presentes no solo.
A partir dela, a agtech diz avaliar mais de 4 mil indicadores de nutrição e 1.400 de proteção, para oferecer uma prescrição personalizada de manejos e tratamentos regenerativos, elevando a saúde do solo e a eficiência produtiva.
A B4A afirma já ter mais de 500 mil hectares “biomonitorados” e um banco genético que inclui mais de 40 culturas de plantio.
A estratégia da empresa está fortemente associada ao crescimento do mercado de insumos biológicos no País. A tese da B4A é a de que é possível aumentar consideravelmente a eficácia desses insumos com um melhor conhecimento da composição biológica do solo e de suas deficiências.
“Você dominar a microbiota do solo, conseguir fazer com que os organismos trabalhem a seu favor, é muito importante. Nossa tecnologia desce uma lupa, faz um diagnóstico amplo da microbiota do solo e entende quais são as deficiências funcionais”, diz Gomes.
Segundo o empreendedor, a B4A aprendeu, ao longo dos primeiros dois anos de trabalho, que o produtor e o agrônomo querem, além de um diagnóstico, um prognóstico, é uma recomendação. É esse hoje, segundo ele, um dos grandes diferenciais da empresa.
“A gente conseguiu chegar nisso e nos tornamos pioneiros, até fora do Brasil, com uma tecnologia de prognóstico”, diz.
O método da agtech prevê, após a análise da amostra enviada ao seu laboratório em Piracicaba (SP), uma comparação do diagnóstico obtido com outras áreas do próprio produtor que têm melhor eficiência produtiva;
Identificadas as diferenças na microbiótica, a B4A propõe uma estratégia para melhorar o desempenho da área analisada e fazê-la, ao longo do tempo, entregar produtividade semelhante às melhores da propriedade.
“A gente está buscando um benchmark dentro da fazenda”, explica Gomes. “Não estamos buscando um benchmark na fazenda campeã que está em outro estado. Nivelando por cima o nível de produtividade entre as áreas da suaquela fazenda, o produtor já tem um ganho de eficiência muito grande”.
De acordo com ele, após mais de 50 mil dados de coletas de solo em várias culturas, e B4A identificou, em mais de 95% dos casos, uma diferença concreta na microbiologia do solo que justifica o fato de uma área produzir mais que outra.
Assim, argumenta, se corrigir essas deficiências, o produtor pode ter ganhos de produtividade sem ampliar o uso de insumos, como fertilizantes.
Com o investimento recebido, a B4A acredita que poderá ampliar sua área de atuação, sobretudo no Cerrado. De acordo com Gomes, mais de 40% dos diagnósticos de estão centralizados nas grandes culturas nesse bioma, “em uma região onde o solo é muito deficiente”.
“Então, lá é preciso empregar tecnologias como a nossa para conseguir manter o solo saudável, não deixar que ele vá se degradando”.
“Investimos na B4A porque acreditamos no potencial dos bioestimulantes e biofertilizantes para uso em larga escala", afirma Fernando Rodrigues, managing partner da rural Ventures. "Para garantir a eficácia econômica, é crucial uma mensuração e prescrição precisas e B4A oferece essa solução de maneira simples e prática, tornando o uso de biológicos acessível e eficiente".
Líder da rodada de investimento, a Rural Ventures foi assessorada pelo escritório Mello Bity, Guetta Advogados – MBG.