Em março passado, um agricultor de Unaí, em Minas Gerais, realizou um feito surpreendente. Ele resgatou, com a ajuda de um programa de relacionamento, o equivalente a R$ 408 mil em produtos para a sua fazenda de soja, milho, feijão e trigo.

Ou seja: em vez de desembolsar milhares de reais para comprar suprimentos para a sua propriedade, o produtor recorreu aos pontos acumulados no programa, trocando-os por insumos.

Até pouco tempo atrás, isso seria impossível. Agora, contudo, o modelo de negócios começa a ganhar tração no mercado brasileiro graças ao Clube Agro, startup nascida em 2020 como o primeiro programa de relacionamento multimarcas do agronegócio brasileiro.

“O nosso propósito é aumentar o poder de compra do produtor rural e, assim, beneficiar toda a cadeia do agronegócio de forma simples e sem complicações”, afirma Simone Rodrigues, cofundadora do Clube Agro.

É fácil entender como a plataforma espalha seus benefícios para toda a cadeia do setor, conectando produtores, canais de venda e grandes marcas do agronegócio.

Para resgatar R$ 408 mil – um recorde na história do Clube Agro –, o produtor de Unaí recorreu a um canal de distribuição em particular, a Coagril, cooperativa baseada na cidade mineira.

Parceira do Clube Agro desde o final do ano passado, a Coagril percebeu, desde então, que poderia ampliar os negócios ao indicar o Clube Agro para os seus produtores cooperados.

“A Coagril foi ágil para identificar os benefícios que o programa de fidelidade traria para os canais de venda”, diz Deniz Sanchez, gerente comercial do Clube Agro e que acompanhou de perto a operação.

A estratégia, de fato, funcionou: entre fevereiro e março de 2023, vários cooperados da Coagril aderiram ao programa de relacionamento, utilizando cada vez mais os pontos acumulados no Clube. Ao todo, a Coagril identificou no período R$ 2,3 milhões em vendas geradas pelos cupons do programa Clube Agro.

O terceiro elo da cadeia beneficiada – as marcas – se beneficia quando a transação é, de fato, efetivada. No caso do produtor de Unaí, ele trocou a maior parte de seus pontos por itens da Corteva.

“Esse é um ciclo clássico de ganha-ganha”, diz Evelin Queiroz, diretora de marketing do Clube Agro. “Assim que o produtor faz o seu primeiro resgate, ele percebe o imenso valor que o Clube Agro tem.”

Um ponto importante é a possibilidade de o agricultor resgatar produtos de forma integral ou com descontos, a depender de seu interesse naquele momento.

“Como os pontos valem dinheiro, significa que o Clube Agro está ajudando diretamente o produtor a reduzir os seus custos”, aponta Felipe Luna, head de Estratégia e Operações da startup.

Tanto para os canais de distribuição quanto para as indústrias e suas marcas, o Clube representa uma ferramenta importante de vendas, gerando negócios e aproximando-os cada vez mais dos produtores.

Evelin Queiroz, diretora de Marketing do Clube Agro

Não à toa, o Clube Agro avança no mercado brasileiro em ritmo veloz. Atualmente, a plataforma conta com 105 mil produtores cadastrados. Um ano atrás, eram cerca de 70 mil.

“No ritmo atual, deveremos chegar ao final de 2023 com 150 mil usuários”, afirma a cofundadora Simone Rodrigues. “Ou, quem sabe, até mais.”

Os resultados financeiros também aceleram. No primeiro semestre de 2023, o faturamento do Clube mais do que dobrou em relação ao mesmo período de 2022. Além disso, o desempenho dos seis primeiros meses já supera 2022 inteiro.

Não é só. Dados atualizados mostram que o acúmulo médio por Nota Fiscal cadastrada na plataforma em 2023 também é mais do que o dobro do número registrado no ano passado.

Em seus três primeiros anos de operação, entre 2020 e 2023, a plataforma registrou mais de R$ 10,3 bilhões em notas fiscais enviadas, e entregou mais de 15 bilhões de pontos.

No primeiro semestre de 2023, o número de pontos acumulados aumentou 200% em relação ao mesmo período de 2022. Por sua vez, o volume de cupons resgatados na mesma base comparativa saltou 500%.

A conclusão é óbvia: o Clube Agro expande sua atuação no mercado brasileiro porque está sendo reconhecido pelos protagonistas do agronegócio como um modelo de fidelização – o chamado loyalty – eficaz, capaz de gerar benefícios para todos eles.

Diversas razões explicam o rápido crescimento do Clube Agro no Brasil. A primeira delas é o próprio pioneirismo: trata-se, afinal, do primeiro programa de relacionamento para o agronegócio do País, com um modelo de fidelização inédito no setor.

Outro aspecto a se considerar é a redução de custos para o produtor, além da maior velocidade nos fluxos de caixa dos parceiros da plataforma.

Também chama atenção o fato de o Clube Agro ser um programa multimarcas. Assim, o produtor rural participante pode acumular pontos ao comprar itens de diferentes fabricantes dos mais variados segmentos.

Com isso, conforme lembra a cofundadora Simone Rodrigues, o acúmulo passa a ser mais rápido, atendendo as diversas necessidades do agricultor de acordo com o momento da produção – início ou fim de safra, por exemplo.

O Clube Agro tem planos ambiciosos para o futuro. Um de seus objetivos é agregar cada vez mais produtos e serviços na plataforma, como o uso de pontos em troca de crédito ou financiamento. A expansão internacional também está no horizonte da startup.

O surgimento de uma plataforma de loyalty retrata a nova realidade do agronegócio no País. Nos últimos anos, o setor se tornou mais digital, tecnológico e inovador – qualidades que, afinal, fazem parte da essência do Clube Agro.