Entre todos os indicadores referentes ao desempenho da economia brasileira em 2023, nenhum chamou mais a atenção do que o saldo da balança comercial.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil fechou o ano passado com superávit de US$ 96 bilhões, o que representou um acréscimo de 60% em comparação com 2022. Trata-se do melhor resultado da série história iniciada em 1989.
O que explica o desempenho exuberante? Em boa medida, ele deve ser atribuído ao setor que, nos últimos anos, tem impulsionado a atividade econômica e gerado desenvolvimento para as mais diversas regiões do país: o agronegócio.
Mais uma vez, as exportações do agro foram o carro-chefe da balança comercial do país. Elas atingiram US$ 165 bilhões no ano passado, sendo responsável por quase a metade dos embarques internacionais. Atualmente, somos os maiores exportadores globais de grãos, café, açúcar, bovinos e frangos.
Para atingir o atual nível de desenvolvimento, o agro tem desembolsado nos últimos anos volume recorde de investimentos no país. Nesse sentido, parcerias com instituições financeiras como o Bradesco se tornaram vitais para o avanço do setor.
Recentemente, a carteira de crédito do Bradesco para o agro superou a marca dos R$ 100 bilhões. A expectativa agora é chegar a R$ 120 bilhões até junho deste ano.
Apenas entre julho e novembro do ano passado, o Bradesco protocolou no BNDES R$ 1 bilhão em pedidos de financiamento rural. São recursos como esses que, aplicados diretamente no campo, levam o setor a quebrar novos recordes.
As marcas batidas pelo agronegócio brasileiro não foram construídas do dia para a noite. Ao contrário, elas se devem ao trabalho de longo prazo, que permitiu semear os caminhos para tornar o agro nacional a principal referência econômica do país.
Nos últimos anos, o aumento da área plantada, o maior uso de insumos e investimentos robustos em tecnologia construíram as condições necessárias para o agro atender à crescente demanda internacional.
Desde 2010, o Brasil incorporou 31,1 milhões de hectares plantados com grãos, um crescimento de 66% em pouco mais de uma década. Ao mesmo tempo, a produtividade avançou 30%. Como resultado, a produção quase dobrou no período.
Isso explica por que as exportações do agronegócio passaram a responder por 49% das vendas internacionais do Brasil. Para efeito de comparação, em 2010 o percentual foi 38%.
É fácil entender como o aumento da produtividade impactou o setor. A possibilidade de utilizar a mesma área para várias safras ao longo do calendário é algo incomum em outros países, mas usual no Brasil.
Atualmente, a mesma terra que é usada para o plantio de soja no verão recebe lavouras de milho, algodão e outros grãos ao longo do ano. A estratégia permite ao país alcançar níveis elevados de produtividade e reduzir custos de maneira expressiva.
Nenhuma cultura tem contribuído tanto para os ótimos resultados da balança comercial quanto a soja. Sozinha, ela responde por 40% das exportações do agro e por 20% das exportações totais brasileiras. Em 2023, a soja embarcada para o exterior gerou US$ 66 bilhões em negócios.
Embora a soja seja o maior destaque, outros produtos têm gerado bom volume de divisas para o país. O complexo carnes responde por 14% das exportações do agronegócio. No segmento sucroalcooleiro, a participação corresponde a 10%.
Mais recentemente, o milho vem ganhando relevância, especialmente com o avanço da segunda safra. Ressalte-se que o potencial da chamada safrinha ainda não foi plenamente atingido – portanto, há boas perspectivas para o aumento da participação do grão.
O saldo comercial superavitário do agro nacional – que chegou a US$ 150 bilhões em 2023 – deve ser atribuído também à autossuficiência da ampla maioria dos produtos. Entre as grandes culturas, dependemos das importações apenas do trigo e, ainda assim, elas são decrescentes.
Registre-se que, entre 2010 e 2023, as importações agropecuárias perderam relevância, passando de 7,5% para 6,3% do total comprado do exterior pelo Brasil.
Como será daqui por diante? Com impactos climáticos adversos, a previsão é de safra menor em 2024. Segundo projeções feitas pelos especialistas do Bradesco, neste ano as exportações do agro serão ligeiramente inferiores às de 2023, mas ainda assim se manterão em patamares elevados.
Para o Bradesco, o avanço da área plantada e ganhos de produtividade continuarão a gerar frutos para o setor. Ou seja: com a ajuda do agro, a balança comercial brasileira continuará quebrando recordes.