A safra 2024/2025 marcou a história do agronegócio brasileiro como a maior já registrada. O setor, no entanto, enfrenta um verdadeiro teste de maturidade: o próximo ciclo não será lembrado apenas pelo que sai dos campos, mas por como cada empresa será capaz de transformar produção em resultados sustentáveis e consistentes.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2025/2026 deve alcançar 354,8 milhões de toneladas de grãos, em uma área plantada de 84,4 milhões de hectares — um crescimento de 3,3% em relação à safra anterior. Apesar do aumento na área e no volume total, a produtividade média deve recuar 2,4%, passando de 4.306 para 4.203 kg por hectare.

Soma-se a isso um desafio adicional: o aumento da oferta pode pressionar os preços das commodities pela dinâmica clássica de mercado. Esse contraste evidencia que o futuro do agro não será definido pelo tamanho das safras, mas pela capacidade de planejamento, disciplina de execução e gestão eficiente das alavancas de resultado.

A safra 2026 colocará à prova a organização e a resiliência do setor. A combinação de custos elevados, produtividade menor e possíveis ajustes de preço deve pressionar ainda mais as margens, exigindo decisões estratégicas sobre comercialização, estrutura de custos e alocação de recursos.

Nesse cenário, o verdadeiro diferencial competitivo estará na fortaleza da gestão interna. Mais do que reagir às condições de mercado, será necessário antecipar cenários, adotar práticas de gestão preventiva e aprimorar o controle sobre gastos operacionais e investimentos.

Cortes aleatórios ou medidas de curto prazo podem comprometer a sustentabilidade financeira e operacional das empresas. O momento exige uma visão integrada de gestão, capaz de equilibrar desempenho imediato com a continuidade e a competitividade no longo prazo.

Práticas estruturadas que priorizam a gestão inteligente de gastos e a excelência operacional tornam-se pilares essenciais para a competitividade. Aplicadas às etapas de plantio, beneficiamento, armazenagem e industrialização, essas metodologias permitem otimizar processos, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade de forma consistente.

Mais do que ajustes pontuais, trata-se de consolidar uma cultura de eficiência contínua, baseada em dados e indicadores de desempenho. Essa mentalidade conecta decisões tático-operacionais ao resultado estratégico, garantindo que cada recurso investido gere valor real e sustentável.

O próximo ciclo exigirá das empresas liderança em gestão e capacidade de adaptação, e somente aquelas que transformarem eficiência em vantagem competitiva conseguirão prosperar em um ambiente de margens pressionadas e custos crescentes.

Mais do que crescer, o desafio será crescer com consistência. No agronegócio do futuro, não bastará colher mais. Será preciso colher melhor, com produtividade, rentabilidade e responsabilidade.

Leciane Batista é diretora da unidade de negócios especializada em Agronegócio da Falconi.